como se configura o simbolismo de Camilo Pessanha?
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A geração do materialismo Contexto histórico: as descobertas de Freud ao nível do inconsciente e do sonho solidificam o movimento espiritualista. No entanto, o Simbolismo como corrente tem uma vida efémera, fruto da euforia técnico-científica vivida pela sociedade, em especial pela burguesia que não abdicava dos prazeres materiais. Como resultado deste caos de valores eclode a 1ª Grande Guerra que convulsiona o mundo e a arte. O Simbolismo, aparentemente, foi de curta duração sendo, no entanto, a base dos grandes movimentos de vanguarda modernos como o Futurismo, o Cubismo, etc... Na poesia Na poesia portuguesa: atendendo aos aspectos inovadores que deram à poesia portuguesa, serão simbolistas os poetas que participam de todas, ou quase todas, as seguintes características: revivescência do gosto romântico do vago, do nebuloso, do impalpável; amor da paisagem esfumada e melancólica, outoniça ou crepuscular; visão pessimista da existência, cuja efemeridade é dolorosamente sentida; temática do tédio e da desilusão; distanciamento do Real, egotismo aristocrático, e subtil análise de cambiantes sensoriais e afectivos; repúdio do lirismo de confissão directa, ao modo romântico, expansivo e oratório, e preferência pela sugestão indecisa de estados de alma abstraídos do contexto biográfico... Simbolismo em Camilo Pessanha Embora Eugénio de Castro seja o introdutor do Simbolismo, com Oaristos (1890), o poeta mais importante do Simbolismo, sinónimo de clima de inquietação e incompletude da atmosfera finissecular, que produz correntes de pensamento de componente idealista (e em Portugal se agrava com os ecos do «Ultimato Inglês»), é Camilo Pessanha. Em muitas poesias de Camilo Pessanha desfilam, instáveis, imagens símbolos de tipo mallarmeano – imagens naturalmente ambíguas que, para usarmos aqui a expressão de Marcel Raymond, «representam um estado complexo e em via de transformação». Sem dúvida, a obra poética de Pessanha, na sua escassez material, é o fruto mais puro e sazonado do Simbolismo português, capaz de sofrer o paralelo com os grandes simbolistas europeus. Palavras sobre Camilo Pessanha O que Eugénio de Andrade diz:"Sempre tive Camilo Pessanha como exemplo da mais alta ascese poética, digamos, um homem da raça de Baudelaire ou de Cavafy. Pessoa, Pessanha, Cesário, Camões – e agrada-me citá-los assim a contrapelo – foram sempre para mim os nomes supremos da poesia de língua portuguesa. (...) Mas de todos eles, creio que só Camilo Pessanha amei em segredo como mestre. E a tal ponto lhe queria que tinha uma espécie de ciúme – eu, tão pouco possessivo – sempre que algum crítico mais superficial referia o seu nome a propósito de alguma influência sua, mais superficial ainda, num ou noutro poeta. Então surpreendia-me a murmurar: O homem é tolo, o único herdeiro daquela música magnífica sou eu. Por aqui se vê a que ponto me orgulhava do meu mestre." O que Camilo Pessanha diz:"E eu, que tinha saudades de quanto ia deixando, até de Barcelona, onde estive cinco dias, até de Colombo onde estive duas horas. Porque a gente é bem um grumo de sangue, que por toda a parte se vai desfazendo e vai ficando." Camilo Pessanha e a Clepsidra O poeta conjuga, na sua poesia, as sensibilidades simbolista e modernista, através do anseio por ideais inalcançáveis e a sugestão de ambientes indefiníveis, expressos em musicalidade cuidada, por um lado, e, por outro, acentuando a materialidade da escrita com uma finalidade em si própria e praticando a fragmentação do discurso e a comunicação por planos intervalares e de referência objectiva parcial.Na Clepsidra (1920), estes processos asseguram a temática do escoamento do tempo que absorve a identidade, incidindo na simbologia da paisagem e das águas como modo nominal de fixar a mudança e de exorcizar a melancolia.Há na Clepsidra – palavra que o poeta escolheu e que funciona como emblema sonoro e visual – uma consciência aguda e dilacerada do tempo e da sua transitoriedade, o que o símbolo "água" em si mesmo contém.A poesia de Clepsidra evidencia-se pela estranheza que suscita, preocupada com transparências, no campo poético, entre o plano intelectual e o sensorial.A passagem do tempo, a sua irreversibilidade, é um dos motivos mais obsessivos desta poesia, traduzido através do símbolo da "água", incluído no próprio título do livro. A água funciona nos seus dois sentidos contraditórios: fonte de vida e origem da dissolução e da mortePredominam dois temas: o da mágoa e da dor e o da morte, num desejo de desaparecimento silencioso, de infiltração no cosmos, num universo poético de transparência e ambiguidade. Poemas escolhidos por nós As autoras não chegaram a acordo quanto ao poema a publicar neste trabalho pois são todos muito bonitos... Assim, cada uma de nós escolheu os poemas que a seguir transcrevemos. espero ter ajudado
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