como se cham o templo do cinema?
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São Luiz, o templo do cinema pernambucano
Tradição. A estrutura original do prédio foi mantida até hoje.
Recife |
15 de Julho de 2016 às 10:16

Fachada do São Luiz é mesma de 64 anos atrás - Beto Figueiroa
A primeira visita ao Cinema São Luiz foi criança e recém-chegado ao Recife. Quem o levou foi a prima. Vestindo seu paletó, entrou na sessão já iniciada e com o cinema às escuras. Ao acender as luzes, Geraldo pode ver a beleza da decoração, dos vitrais, do mármore e ficou encantado com tudo aquilo. “Guardo essa primeira sessão com muito carinho. Foi uma das viagens mais fortes que fiz dentro de um cinema”, relembra Geraldo Pinho, que é programador do São Luiz desde 2011. As sessões “Bossa Jovem”, que aconteciam aos sábados pela manhã, e as sessões da meia-noite, que traziam grandes sucessos também estão na memória do programador.
Antes de se tornar cinema, o local que abriga o São Luiz era um templo protestante. Havia sido construído em 1838, numa das extremidades da antiga Rua Formosa, atual Avenida Conde da Boa Vista. O Edifício Duarte Coelho é imponente e tem 13 andares, dos quais quatro são ocupados pelo cinema e outros estabelecimentos. A inauguração do São Luiz, com suas instalações requintadas e equipamentos modernos, foi um dos maiores eventos sociais da década de 1950. A sessão inaugural aconteceu no dia 6 de setembro de 1952 e exibiu a produção norte – americana “O Falcão dos Mares”. Para circular pelos corredores luxuosos do maior cinema pernambucano, na época, era precisa estar muito bem vestido.
Geraldo conta que os cinemas de bairro, a partir da década de 1970, foram desaparecendo. “A estrutura física desses cinemas eram muito procuradas por mercados e igrejas e começaram a ser vendidos. No Recife isso foi ainda mais fácil, já que 90% deles eram privados”, conta. O Cinema São Luiz é um dos poucos que resiste. Depois de funcionar por 55 anos, o Grupo Severiano Ribeiro fechou o São Luiz em 2007. As Faculdades Integradas Barros Melo (Aeso) deciram fazer uma reforma, mantendo toda estrutura original, para transformar o espaço em centro cultural.
A reforma foi abandonada em 2008, quando o prédio foi tombado como monumento histórico pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Hoje, o cinema mantém sua estrutura original e encanta pela beleza e imponência. Com sessões a preços populares, o cinema atrai um público diverso. “Hoje, o São Luiz é para todas as classes. Mas as pessoas têm preconceito e cultura criada faz com que as pessoas não arrisquem vir ao centro da cidade”, observa Geraldo.
Arthur Abdon é projecionista do São Luiz desde 2010. Já foi lanterninha, bilheteiro e porteiro. Para ele o cinema não perde a magia. “Esse lugar é lindo e diferenciado. Não imaginava trabalhar com cinema, mas descobri que isso faz parte da minha vida. Estar nos bastidores, que é o que faz o cinema acontecer, é um privilégio”, afirma.
Geraldo acredita que essa movimentação gerada pelo cinema no centro da cidade é muito importante para a própria vida do Recife. “O São Luiz é um espaço de memória da cidade, das pessoas e suas histórias nesses lugares. Por isso ele é tão importante”, conclui.
Edição: Bia (eu kakakaka)