Sociologia, perguntado por Joaovitorguerra, 10 meses atrás

Como que Max Weber apresenta o conceito de Trabalho a partir da ideia da Ética Protestante?

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Respondido por Zu2003
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Resposta:

Para Weber, no Oriente faltou o que representou uma diferença decisiva na economia do Ocidente, a saber, a racionalização na obtenção de lucros, ou seja, a incorporação desse impulso no sistema de ética da ação intramundana e racional. Isto foi exatamente o que proporcionou o advento do protestantismo e o que faltou ao Oriente, onde as premissas básicas do capitalismo jamais surgiram. O misticismo oriental, com a ética da inação e do escapismo, não poderia servir de base para o desenvolvimento do conceito de racionalidade econômica especificamente ocidental e típico do capitalismo.

Especificamente o calvinismo, no âmbito do protestantismo, representou uma transformação no que se refere às interpretações precedentes do trabalho como algo neutro, estabelecendo-se um elo inteiramente novo entre a vida religiosa e a ação prática intramundana. O agir no mundo, nesse sentido, tornou-se uma tarefa estabelecida por Deus e a certeza da salvação passa a ser obtida ao se responder ao chamado Dele, ou seja, caso se cumpra a tarefa de resolver um problema concreto. O trabalho passa a ser encarado enquanto chamado e apenas dessa maneira, e não pelo perdão ou pelo arrependimento, torna-se possível superar o estado de natureza. A ascese cristã pisa em solo mundano, deixando para trás os portões da igreja. Deus não mais exige que o indivíduo pratique boas obras, mas que realize ações sistemáticas e previamente refletidas dentro dos limites do mundo, ou seja, as responsabilidades do indivíduo não se esgotam com o mero cumprimento das obrigações tradicionais, mas sim com o atendimento ao "chamado" protestante.

Tal lógica típica do protestantismo apresenta uma ascese intramundana específica, representando, simultaneamente, um confronto com o catolicismo. A obtenção do lucro não é mais vista como algo condenável, mas sim como algo que o próprio Deus pôs como tarefa. Nesse sentido, a fundamentação do "espírito do capitalismo" é um modo de vida racional, baseado na ideia de chamado, nascido do espírito da ascese cristã. O desenvolvimento posterior deslocará a fundamentação religiosa em favor do secularismo utilitário, em um contexto no qual o capitalismo revela uma melhor organização racional do trabalho formalmente livre.

Weber, assim, propõe a ética da responsabilidade, como corretivo específico à ordem despersonalizada e projetada como racional de um mundo desmistificado. Ele acredita que a alternativa não seja a ética da convicção, que acentua a adequação moral da conduta prática mais do que sua eficiência, nem a ética da adaptação e subjugação a essa mesma eficiência, mas sim uma possibilidade de mediação entre estas duas éticas.

Explicação:

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