como podemos definir um espaço público?
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Explicação:
O espaço público é um conceito próprio do urbanismo que às vezes se confunde com (erradamente) com espaços verdes, equipamentos ou sistema viário, mas que também é utilizado na filosofia política como lugar de representação e de expressão colectiva da sociedade.
Borja tem uma concepção de espaço público que se centra essencialmente na trilogia cidade -espaço público – cidadania. Defende que nenhum destes termos se pode entender isolado, pois “[…]a nossa vida depende em boa medida desta relação[…]” (BORJA, 2003, p.22). Explica que os valores vinculados à cidade, de liberdade e de coesão social, de protecção e desenvolvimento dos direitos individuais e de expressão e construção de identidades colectivas, de democracia participativa e de igualdade básica entre os seus habitantes, depende de que o estatuto de cidadania seja uma realidade material e não só um reconhecimento formal. No entanto, esse reconhecimento é algo de extrema dificuldade na cidade contemporânea, pois privilegiam-se valores de acumulação, alheios à vontade pública, como que uma alienação do sujeito face à produção do espaço.
Na realidade, a ascensão do espaço público como mote dos grandes projectos de renovação urbana, prende-se, a estratégias de promoção da cidade, baseadas no marketing, simplesmente dotado de uma formalização pontual e especifica que lhe concede o estatuto da diferença. Isto porque o urbanismo é o principal habilitado de mudança, mas inevitavelmente o principal indutor de acumulação do capital, aquele que conduz à produção de enclaves escalares3. Contrariamente ao urbanismo em que os espaços públicos são meros resquícios da urbanização, estes deveriam ser geradores de traçados, malhas e estruturas.
Assim, o capitalismo encontrou no urbanismo uma nova forma de reprodução do capital. A espacialidade dos lugares ganha uma nova dimensão, os espaços ganham uma nova configuração. Segundo Harvey (1992), Preteceille (1988), Santos (1996) e Dantas (1997), no planeamento urbano, a partir da década de 90, na matriz anterior do planeamento (regulatório), o espaço era visto como recurso a ser moldado com propósitos sociais e actualmente o espaço é entendido como dimensão independente e autónoma, a ser moldada segundo princípios estéticos. Nesta última acepção, o espaço, reificado, adquire uma posição aparentemente mais importante por conter a capacidade de gerar resultados em/por si.