Artes, perguntado por thevisaraujo509, 6 meses atrás

Como Pieme Shaffer,desenvolvem o que chamou de música concreta

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Respondido por eliakimguerra1111
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Resposta:

Em outro artigo (Palombini 1993) distingui quatro fases do trabalho de Pierre Schaeffer: pesquisa de ruídos (1948--49), música concreta (1948--58), música experimental (1953--59) e pesquisa musical (1958--). Examino aqui o primeiro estágio na transição da música concreta à pesquisa musical: a iniciativa tomada pelo Grupo de Pesquisas de Música Concreta mobilizando musique concrète, elektronische Musik, music for tape e as 'músicas exóticas' [1] sob a bandeira da música experimental.

Em 1951 a Radiodifusão e Televisão Francesa presenteou o Grupo de Pesquisas de Música Concreta, que consistia então de Pierre Schaeffer, do engenheiro de som Jacques Poullin e do compositor Pierre Henry, com o primeiro estúdio de música eletroacústica [2] especificamente construído para tal fim. A colaboração entre Schaeffer e Poullin, em seu quarto ano, resultava nos phonogenios cromático e contínuo, no gravador de três pistas e na mesa de espacialização [3]. O estúdio atraía diversos compositores importantes: entre 1951 e 1953, Karlheinz Stockhausen, Pierre Boulez e Olivier Messiaen criaram peças concretas ali. De 8 a 18 de junho de 1953 o Grupo de Pesquisas de Música Concreta da Radiodifusão e Televisão Francesa, presidido por Schaeffer, realizou a Primeira Jornada Internacional de Música Experimental na UNESCO em Paris. Vers une musique expérimentale, um número especial da Revue musicale organizado por Schaeffer e inteiramente dedicado ao evento, foi anunciado. A prova final, revista e aprovada pelos autores e Albert Richard, diretor do periódico, ficou pronta em 10 de julho de 1953. Richard porém decidiu adiar sua publicação, que só veio a ocorrer quatro anos mais tarde, acrescida de suas explicações e desculpas --- 'Quatre ans après...' (Schaeffer org. 1957: 1--2) --- e da introdução eloqüente de Schaeffer: 'Lettre à Albert Richard' (Schaeffer org. 1957: iii--xvi). No que se segue enfoco alguns dos textos originais de 1953, em particular 'Vers une musique expérimentale' (Schaeffer org. 1957: 11--27), o ensaio de Schaeffer que empresta seu nome ao número 236 do periódico. Excertos especialmente relevantes deste texto foram traduzidos pelo autor e são apresentados aqui pela primeira vez em Português.

Dizer que Karlheinz Stockhausen, Pierre Boulez e Olivier Messiaen, além de Pierre Schaeffer e Pierre Henry, criaram obras concretas é perguntar-se: Como podem trabalhos de compositores tão diversos ser todos classificados como música concreta? Ou, o que é a música concreta? Em vez de responder à segunda questão, mostro a música concreta como ela se apresenta à luz dos textos mais antigos de Vers une musique expérimentale. É portanto o estado da música concreta em 1953 que considero aqui.

No artigo 'Tendances de la musique concrète' (Schaeffer org. 1957: 36--44), supostamente o texto de uma palestra proferida na Jornada, Antoine Goléa identifica quatro tendências na música concreta. Existiria o que ele chama de música concreta 'diretamente expressiva', cujas características seriam a ausência de preocupações estritamente formais e a natureza relativamente primitiva do material [4]. A maioria dos exemplos desta tendência encontra-se entre os trabalhos iniciais. Goléa chama a segunda tendência de 'abstrata'; seus expoentes são compositores para os quais a música concreta representou um campo inesperado para o desenvolvimento de pesquisas que eram essencialmente seriais. Sob o rótulo 'abstrato' Goléa reúne Boulez, Messiaen e --- com certa hesitação --- Henry como criadores de peças concretas seriais. Em suas palavras: 'Ritmos, tessitura, ataques e timbres; é para levar sempre adiante o refinamento destes domínios que compositores como Pierre Boulez, Olivier Messiaen e Michel Plilippot vieram para a música concreta' (Schaeffer org. 1957: 39--40) . Como a tendência abstrata agrupa todos os compositores chamados por Goléa de 'tradicionais e muito avançados' que encontraram na música concreta um meio de promover seu avanço estético, se poderia esperar achar ali tantas estéticas quantos compositores. A terceira tendência identificada por Goléa é a 'musical'. A tendência musical da música concreta reinstaura o instrumento tradicional como fonte sonora principal. Vemos assim a 'música concreta voltando-se, com secreta e culposa volúpia, para a música tout court' (Schaeffer org. 1957: 44). Por fim, Goléa ilustra com uma lista de peças a quarta tendência; a 'exemplar'. O traço comum das peças exemplares é 'expressar um mundo completo através de um meio de expressão em si completo' (Schaeffer org. 1957: 44). O catalogue raisonné de Goléa se apresenta assim:

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