Como os renascentistas questionavam as ideias pregadas pela igreja Católica ?
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O Renascimento não anulou e nem sempre combateu o poder da Igreja.
Pelo contrário, a arte do Renascimento floresceu em muito com apoio financeiro da Igreja. Mais de 90% das obras de arte do Renascimento foram encomendas por papas, bispos ou ordens monásticas, utilizando uma temática religiosa. A diferença é que esses artistas eram leigos e não monges dos mosteiros, como era a arte no período medieval.
O Renascimento foi uma contraposição a alguns aspectos da mentalidade medieval, entre os quais se incluia a excessiva religiosidade, a crença em lendas, o universalismo, etc.
Todos esses aspectos foram criticados por Erasmo de Rotterdam (talvez o representante mais significativo do período) em seu Elogio da Loucura (1509). Se essa religiosidade excessiva e arcaica fosse representada pela Igreja, os humanistas contestavam a Igreja (mas sem romper necessariamente com ela). Porém, se esta fosse receptiva à nova mentalidade (como muitas vezes aconteceu), os humanistas ficavam ao lado da Igreja.
Vários pensadores humanistas trabalharam para a Igreja, como bibiotecários, tradutores, etc, e pelo menos um pensador humanista, Enea Silvio Piccolomini, tornou-se eclesiástico e atingiu o papado, com o nome de Pio II (1458). Leonardo Bruni e Nicolau de Cusa foram outros humanistas que trabalharam com a Igreja.
Também não é certo que o Renascimento tenha trocado o teocentrismo pelo humanismo.
A mentalidade medieval era mística, mas não era teocêntrica.
Pelo contrário, foi a partir do Renascimento que se buscou uma compreensão da fé e das Escrituras sem ter a Igreja como intermediária obrigatória. Por exemplo, o a teologia de Calvino (1539) é mais teocêntrica do que qualquer teólogo medieval.
A condenação de Galileu ocorreu em já um período pós-Renascimento.
A Igreja entendeu que tinha excedido demais com a transformação de ideias, e mostra disso foi a cobertura de cenas de nudez pintadas décadas antes na Capela Sixtina, em Roma. Galileu foi condenado por se confrontar com as proposições aristotélicas (consideradas corretas pela Igreja, apesar de serem esboçadas por um filósofo grego antigo), e talvez nada tivesse acontecido se ele não morasse ali mesmo, em Roma (sede da Igreja).
(ele não foi condenado à forca, mas a um silêncio involuntário)
O que realmente reduziu o poder da Igreja foi a Reforma protestante e alguns monarcas renascentistas (mesmo católicos) que submeteram a Igreja de seus países às regras do absolutismo.