como os portugueses foram recebidos pelos chineses
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A presença de Portugal em Macau representou um notável encontro entre Oriente e Ocidente, guiado pelo comércio. Nem sempre fácil, a harmonia conseguida no cruzamento de culturas moldará certamente futuros passos do ideário planetário. Paulo Afonso visitou o território e conta o que viu.
Situado na margem oeste do estuário do rio das Pérolas (Zhu Jiang), Macau encontra-se ladeado a Ocidente pelo rio Oeste (Xi Jiang), na província chinesa de Guangdong. Com um clima subtropical em que a humidade média do ar anda tipicamente nos 75 a 90 por cento, é fácil ter a camisa colada às costas após uma caminhada pela cidade. No centro, encontra-se uma estátua de Jorge Álvares, rodeada agora por casinos e pelos seus néons. Nascido em Freixo de Espada à Cinta, terá sido Jorge Álvares o primeiro português a chegar às costas da China, em 1513, visitando a ilha de Lintin (Nei Lingdin) e desembarcando na ilha da Veniaga, ou Tamão, muito provavelmente a ou na atual ilha de Lantau, perto de Tuen Mun, parte do território de Hong-Kong.
Na sequência da viagem de Jorge Álvares, proveniente de Malaca, Afonso de Albuquerque envia Rafael Perestrelo, em missão para confirmar o potencial do comércio com a China, com quem Portugal tenta formalizar relações diplomáticas, uma tarefa que fica a cargo de Fernão Peres de Andrade, em 1517. Andrade negoceia com a dinastia Ming o envio da primeira missão diplomática portuguesa, liderada por Tomé Pires, mas os desmandos do seu irmão, Simão de Andrade, levam a conflitos com os chineses e à batalha de Tamão, em 1521. Em 1522, Martim Afonso de Melo Coutinho é atacado novamente em Tamão, noutra tentativa de melhorar as relações luso-chinesas que levariam décadas a normalizar-se, falhada a embaixada de Tomé Pires.