Como os gregos se destacaram na medicina?
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A moderna medicina Ocidental, de caráter estritamente técnico-científico e atenuada por elevados preceitos éticos, é uma herança da Grécia Antiga. O próprio símbolo da medicina, embora de origem mesopotâmica, foi difundido pelos gregos e é utilizado até hoje.
A arqueologia não revelou ainda evidências concretas para o entendimento da medicina grega anterior a -750, mas há referências à existência de médicos desde -1200. Uma tabuinha micênica de Pilos (PY Eq 146), datada de -1200, contém a palavra (i-ja-te), em linear B, correspondente ao grego arcaico ἰατήρ, "médico" (= ἰητήρ, cf. Il. 2.732).
Quatro séculos depois, novas referências podem ser encontradas nos poemas homéricos (c. -750/-700). Embora de caráter mítico, em sua maioria, os dados conservados pelo poeta deixam entrever a existência de médicos práticos, conhecedores de plantas medicinais e de técnicas cirúrgicas adequadas ao tratamento de feridas de guerra. Esses médicos, aparentemente, não se dedicavam apenas à Medicina.
Asclépio, um dos heróis-médicos citados por Homero, tornou-se o mais importante deus da medicina no início do Período Arcaico. Seus santuários, assim como os dedicados a outros deuses e também a alguns heróis, se tornaram populares templos de cura, onde os devotos buscavam auxílio divino para seus problemas de saúde. Os templos conviviam com vendedores de ervas, magos, charlatães e pessoas que, desde tempos imemoriais, recorriam à religião e a uma série de superstições para promover a cura das doenças.
Nas últimas décadas do Período Arcaico, aparentemente, os médicos se tornaram profissionais em tempo integral, que procuravam efetuar curas totalmente desvinculadas da religião e da superstição (Hp. Morb. Sacr. 2, Hp. Decent. 2-3) e exerciam sua Arte com grande seriedade em consultórios e domicílios.
A partir de -500, com as investigações teóricas dos filósofos da natureza, a medicina se tornou mais racional e começou a se desvincular completamente da religião e da própria filosofia. Já na metade do século -V, teorias para explicar o funcionamento do corpo humano na saúde e na doença começaram a se difundir e, por volta de -400, princípios racionais — para a época[1] — de diagnóstico, prognóstico e tratamento estavam já razoavelmente estabelecidos.
O mais famoso médico da Grécia Antiga foi Hipócrates de Cós (-460/-380), considerado o pai da medicina. Sua fama se deve, basicamente, à "coleção hipocrática" (corpus hippocraticum), extensa coleção de tratados médicos a ele tradicionalmente atribuídos, porém escritos entre os séculos -V e II. A influência desses textos na arte e na ciência médica foi enorme e perdurou até o século XVIII.
Nas primeiras décadas do Período Helenístico, a anatomia e a fisiologia, assim como a cirurgia, fizeram grandes progressos, mas depois de Galeno (129/204) a ciência médica progrediu muito pouco. Apesar disso, a medicina grega sempre desfrutou de alto conceito e os mais reputados médicos do Período Greco-romano eram de origem grega.
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