como ocorreu a descolonização da Angola?
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Em Angola, a situação no terreno conhece um substancial agravamento depois da assinatura dos Acordos do Alvor, dando lugar a uma guerra que rapidamente transcende as fronteiras. A correlação de forças parecia favorável ao MPLA, dada a sua implantação em Luanda e nas zonas urbanas, mas sobretudo graças à ajuda que recebe da URSS, Cuba e RDA. Apesar de menos bem-sucedidos, os outros movimentos colhem também importantes apoios nomeadamente da África do Sul (no caso da UNITA), Zaire, China (FNLA) e EUA. Se, num primeiro momento, é fácil percecionar as hesitações da administração Ford depois da traumática experiência do Vietname, a partir do Verão de 1975, torna-se cada vez mais evidente o seu empenho no sucesso das forças da FNLA mas também da UNITA.
Com a internacionalização do conflito, as autoridades portuguesas rapidamente são ultrapassadas, transformando-se em meros espectadores de um processo que estavam cada vez mais longe de conseguir influenciar. Como observa o historiador britânico Norrie MacQueen, os “piores momentos de violência” em Angola ocorreram depois da nomeação de Melo Antunes como ministro dos Negócios Estrangeiros, sendo significativa “a coincidência de crises em Luanda e em Lisboa”, nomeadamente durante a Primavera e Verão de 1975: “à medida que se deteriorava a situação em Angola, assim acontecia também em Portugal e a capacidade de intervenção da metrópole de qualquer maneira eficaz desapareceu rapidamente”.
Ou como escreveu depois o próprio Melo Antunes: “uma condição fundamental, obviamente não escrita, faltou em Alvor: a boa-fé dos intervenientes da parte angolana, porque sabiam que o poder jamais seria partilhado entre eles”.
No verão de 1975, as condições de confronto entre os três partidos angolanos e dos respetivos aliados não deixou qualquer hipótese a soluções negociadas, tornando-se a força das armas o único argumento de todos eles.