Como o tropeiro surgiu?
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Nos séculos XVII e XVIII com a descoberta do ouro e, posteriormente, de diamantes, houve uma grande migração de portugueses, paulistas e escravos em busca do "Eldorado", nas terras das Minas Gerais.
Devido ao grande contingente populacional criado na região, a escassez de alimentos e produtos básicos não demorou a acontecer, gerando um alto nível de mortalidade. Para os mineradores não era viável colocar um escravo para trabalhar na plantação de alimentos, pois era uma força a menos na busca pelo ouro.
Como conseqüência desse acontecimento, surgiram os Tropeiros - viajantes encarregados de fazerem a transição de alimentos e materiais de necessidades básicas de outras regiões para a região de exploração. Os muares eram os animais propícios para esse tipo de serviço na região, pois outros tipos de tranporte, como os carros de boi, não conseguiriam chegar aos locais devido às irregularidades do terreno nas zonas de exploração.
Com o tempo, o tropeiro se tornou não só um transportador de cargas, mas também um sinônimo de confiança, servindo como “entregador de recados” e até mesmo como negociador.
Em Minas Gerais, a média de carga por animal era entre 8 e 10 arrobas, ou seja, entre 120kg e 150kg, podendo uma tropa levar 24 mil kilos de carga, por viagem.
Ao fim de um dia de “caminhada”, termo utilizado que representava um dia de percurso, era um hábito dos tropeiros acender uma fogueira, esquentar um feijão, que era comido com toucinho, farinha e pimenta do reino (feijão tropeiro), além da carne de sol. As bebidas alcóolicas eram autorizadas somente em situações especiais, para se aquecer do frio e evitar o resfriado, ou como remédio contra picadas de insetos.
Os tropeiros não eram empregados de ninguém, trabalhavam por conta própria, tomavam suas próprias decisões, respeitavam seus “clientes” e tinham como característica uma grande responsabilidade.
O tropeirismo - enquanto atividade de transporte de mercadorias e animais - foi forte até a chegada das estradas de ferro, ressurgindo no final do século XX, através de uma nova percepção de tropeirismo contemporâneo: o turismo.
Hoje em dia as cavalgadas caracterísiticas na região de Itabira, vêm relembrar toda a história tropeira e deixar viva na memória de todos essa cultura simples e de grande importância na história de nosso país.