História, perguntado por Rodrigues1211, 1 ano atrás

Como o texto descreve a condição da mulher na sociedade hindu?

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Respondido por jaque12385
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A situação das mulheres na Índia é umas das piores em todo o mundo. A discriminação começa desde o momento da gestação em que se define o sexo da criança. Em muitos casos, segue-se ao exame de ultra-som o aborto, e o infanticídio é quase tão comum quanto na China. O desequilíbrio entre os sexos cresceu 6% nos últimos anos. Além disso as mulheres que sobrevivem à infância não têm as melhores perspectivas: para que se casem, o pai deve dar um dote valioso à família do noivo, que mesmo assim trata a noiva como uma escrava.
Nos casos de abuso sexual a discriminação não é diferente. As estatísticas indicam um aumento alarmante dos casos de abuso sexual contra mulheres. Atualmente esse é o tipo de violência que mais cresce no país. A tradição cultural trata a mulher que sofre um estupro não como vítima, mas como criminosa: sofrer um estupro equivale a se prostituir.
Devido a esta norma absurda, um número irrisório de casos é denunciado à Justiça, que por sua vez é uma das instituições mais machistas da Índia. Promotores e juizes tratam as denúncias com descaso e má vontade. A maioria das mulheres que procuram a justiça acabam se arrependendo, pois menos de 5% dos processos por estupro terminam em condenação.
Indignadas com o descaso da polícia e da Justiça em prevenir e punir os abusos sexuais as mulheres iniciaram um movimento que procura fazer ?justiça com as próprias mãos?. O primeiro episódio da rebelião feminina na Índia, que começou em agosto, foi o caso de um chefão de uma gangue de um bairro da cidade de Nagpur, acusado de várias vezes violentar mulheres e até de homicídio, que havia sido preso várias vezes, mas sempre saía livre pagando a fiança e voltava a aterrorizar as mulheres do bairro. O acusado prestava depoimento num tribunal quando uma centena de mulheres invadiu a sessão e o linchou na frente do juiz. A polícia chegou a prender e incriminar cinco mulheres que fizeram parte do linchamento, mas elas acabaram soltas depois que cerca de 400 manifestantes cercaram a delegacia exigindo sua libertação.
Nos meses seguintes, as mulheres da cidade continuaram o movimento. Em uma das ocasiões, atacaram com pedras e facas de cozinha dois homens que tentaram extorquir e violentar uma moça, os dois acabaram mortos. Os estupradores que conseguem escapar do linchamento geralmente têm suas casas incendiadas.
Os grupos feministas indianos comemoram as ações como verdadeiros feitos históricos. Purnima Advani, presidente da Comissão Nacional das Mulheres, um órgão do governo, inocentou as agressoras e disse que o linchamento era "compreensível" dada a incompetência da polícia em prevenir os estupros.
Na Índia boa parte das ocorrências de estupro acontece dentro de repartições estatais, como delegacias e hospitais, envolvendo funcionários públicos. Recentemente quatro guarda-costas do presidente Abdul Kalam foram acusados de violentar uma adolescente. Motivados pela repercussão da ação das mulheres em Nagpur, grupos feministas vem fazendo grandes manifestações diante do parlamento para exigir justiça.
Porém, a revolta das mulheres indianas não é uma mera causalidade. Recentemente o país vem se incorporando ao mercado mundial, o que torna obrigatória a incorporação das mulheres no trabalho, principalmente industrial. Com isso, as mulheres saem da esfera doméstica, onde cumprem o papel de operário do marido, e são lançadas ao mercado de trabalho, onde se torna mais evidente a situação de opressão a que estão submetidas. Salários mais baixos que os dos homens, discriminação, funções com carga de trabalho maior, assédio sexual: tudo isso desperta na mulher uma maior consciência de sua condição de ser humano de segunda classe posta na sociedade capitalista. A violência com que expressam sua revolta é uma reação à violência a que estão submetidas.
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