Geografia, perguntado por elnatagamer, 8 meses atrás

Como o mundo era dividido no passado na "história geografica"?

Preciso da resposta o mais rápido e preciso possível.​

Soluções para a tarefa

Respondido por kelendasilvadeolivei
1

Resposta:Ao final da dissertação, o interesse no conceito geográfico de fronteira ganhou corpo, e foi novamente por sugestão do professor Antônio Carlos Robert Moraes que saí da Geografia Histórica para enveredar no campo da História do Pensamento Geográfico. No caso, a obra de Pierre Monbeig foi de pronto definida como o objeto de estudo, visto que a exiguidade de estudos específicos sobre o geógrafo francês contrastava com sua importância para a consolidação do campo disciplinar no país.

Com efeito, até o início da década de 2010, podia-se contar nos dedos os livros e artigos em português que tinham Pierre Monbeig como objeto de estudo. Ademais, é relevante observar que os geógrafos de gerações recentes desconhecem quase por completo a noção de franja pioneira cunhada por Monbeig, não sendo incomum encontrar referências às definições que sociólogos, antropólogos e economistas fazem do fenômeno pioneiro na bibliografia de trabalhos geográficos que se utilizam do termo.

O caminho escolhido para o desenvolvimento do tema durante o doutorado, finalizado em 2013, foi a leitura integral dos textos do francês que analisam o fenômeno da expansão pioneira ocorrida em São Paulo e no Paraná na primeira metade do século XX. Ademais, procurei igualmente avaliar em que medida os discípulos brasileiros que ele orientou durante sua estadia na Universidade de São Paulo, entre 1935 e 1946, apropriaram-se metodologicamente do modo de fazer ciência proposto por Monbeig em suas aulas, textos e trabalhos de campo.

Nesse ponto, o objetivo era estabelecer se houve, no Brasil, a formação de uma identificável linhagem intelectual dentro do campo geográfico. Dito de outro modo, a hipótese enunciada buscava saber se realmente é possível distinguir certos traços metodológicos comuns entre o mestre e os alunos que, sob sua orientação direta ou inspiração básica, defenderam trabalhos de pós-graduação ao longo das décadas de 1940 e 1950. Para a consecução desses objetivos, efetuou-se uma leitura dos trabalhos de Ary França (1951), Nice Lecocq Müller (1950), Renato da Silveira Mendes (1950), José Ribeiro de Araújo Filho (1950) e Pasquale Petrone (1966), todos futuros professores do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo.

Ora, como os discursos geográficos produzidos à época tinham como referência básica a materialidade expressa na organização, localização e disposição dos objetos no território nacional, a reconstrução da geografia histórica do capitalismo brasileiro da primeira metade do século XX foi o caminho escolhido como o mais adequado para acedermos a uma dimensão de feição metageográfica, que toma a produção teórica da geografia universitário-acadêmica por si como objeto de análise (Moraes, 2014).

Nessa direção, tomou-se como referência as indicações de J.B. Arrault (2007), que esmiúça o trajeto de construção de um problema intelectual dentro da comunidade de geógrafos na França. Em seu trabalho, esse autor questiona o modo como, entre 1890 e 1930, os geógrafos entretidos na estabilização dos Annales de Géographie elevaram o processo de mundialização, que percebe e concebe a Terra como uma totalidade, à condição de objeto de estudo. A definição de metageografia cunhada por Arrault completa o significado antes descrito para o termo, pois não se trata apenas de tomar a produção acadêmica interna ao campo disciplinar como objeto, mas de problematizar a própria formação de certos modos de pensar e firmar imagens acerca da realidade.

Perguntas interessantes