como o filósofo das ciências Granger define a ciência?
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Certamente sempre é permitido dar às palavras o sentido que se escolher, sob a condição de deixar isso claro. Nenhuma regra, nem de discurso nem de pensamento, opõe-se a que se atribua o nome de "ciência" ao que os filósofos produzem. Contudo, se se constatasse que nenhum dos caracteres mais marcantes e distintos das outras ciências são reconhecíveis nas obras filosóficas, não haveria mais inconvenientes que vantagens de designá-las com o mesmo nome, exceto se estivéssemos no reino de Alice? A justificação profunda desta unidade de denominação só poderia ser o desejo de expressar uma identidade subjacente, metafísica e não-empírica, das diversas maneiras de aspirar ao conhecimento, que o ser humano manifesta. E nesta perspectiva, a filosofia seria o modo eminente, no sentido escolástico do termo, diferindo das outras ciências como mais científica que qualquer outra. Mas supondo-se que adotemos esta visão hierárquica do conhecimento, permanece o fato de que a mesma palavra só se aplicaria, em todo o caso, de modo homônimo, às formas "inferiores" e à forma "eminente" do saber. Ora, nosso propósito não é o de embaralhar as linhas nem de apagar as diferenças mas, ao contrário, reconhecer, como dizia Wittgenstein, "o duro no mole". Buscaremos pois, mais que reunir e confundir, fazer explodir o paradoxo: como dois produtos do espírito humano, tão profundamente diferentes, como a filosofia e as diversas ciências habitualmente reconhecidas como tais, podem ser consideradasconhecimentos? Digamos previamente em que a filosofia parece-nos distringuir-se irremediavelmente dos outros conhecimentos que têm o nome de ciência.
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