como o brasil se posiciona com relação a guerra economica entre EUA e a China?
Soluções para a tarefa
Resposta:
o primeiro entender os pontos de vista dos dois países e como eles se relacionam entre si. A China possui um Estado, governo e sociedade muito mais coesos e pragmáticos, enquanto o Brasil está em uma fase de reflexão sobre suas políticas e tradições, especialmente política externa. Nesta luta, diferentes atores, perspectivas e opiniões se envolvem com o governo de Bolsonaro e outros entes políticos para criar o que é percebido como uma posição brasileira atual em seus assuntos internacionais, incluindo a relação do país com a China e os EUA. Nesse sentido, as relações com a China não têm mudado muito no governo Bolsonaro, apesar do que sua campanha eleitoral sugeriria.
A abordagem de Bolsonaro em relação à China foi agressiva devido à sua retórica baseada no combate ao Partido dos Trabalhadores, ao comunismo e também pelo seu viés nacionalista. Ao mesmo tempo em que dizia que os Estados Unidos seriam um parceiro-chave em seu futuro governo, já que em sua perspectiva as relações EUA-Brasil haviam sido prejudicadas por governos anteriores, ele acabou criando um ambiente de conflito, colocando esses dois principais parceiros do Brasil em lados opostos em questão de relações comerciais, quando eles nunca precisavam estar. Embora um núcleo de eleitores tenha aplaudido seu discurso contra o gigante asiático, essa narrativa foi diretamente repelida por vários setores da sociedade brasileira; de políticos nos níveis federal e local a acadêmicos e empresários, especialmente os exportadores. A mobilização pela manutenção de um bom relacionamento com a China foi tal que o embaixador chinês foi convidado ao Itamaraty para receber uma explicação sobre as palavras de Bolsonaro e ouvir que o governo brasileiro mantém as relações com a China no mais alto nível.
Retórica e realidade
Bolsonaro percebeu a colisão entre sua retórica e a realidade quando foi empossado como presidente. A realidade é que as relações entre Brasil e China são muito maiores que seu governo, assim com são também as com os EUA. Desde o restabelecimento das relações diplomáticas entre Brasil e China em 1974, diferentes governos vêm trabalhando para consolidar o bom relacionamento entre os dois países que se beneficiam de não ter litígios históricos, como os que a China tem com países da Europa ocidental, seus vizinhos e os EUA. A rede institucional que envolve China e Brasil é densa e composta principalmente por:
Satélites de Recursos Terrestres China-Brasil (CBERS), criado em 1988;
Um grupo parlamentar de amizade criado em 1993;
Comissão de Alto Nível de Consulta e Cooperação (COSBAN), criada em 2004, composta pelos vice-presidentes dos dois países, com cinco reuniões até o momento, a última em 2019;
BRICS, presidido pelo Brasil em 2019 e inaugurado em 2006;
O Diálogo Estratégico entre Ministros das Relações Exteriores, em 2012, evoluiu para o Diálogo Global Estratégico entre Ministros das Relações Exteriores, pois o Brasil e a China tinham o objetivo de atuar em coordenação em escala global. O último encontro foi em 2019.
Tal esforço institucional para a cooperação surge de um entendimento mútuo de complementaridade entre as duas nações, no qual o Brasil pode fornecer à China o que esta mais precisa: alimentos e matérias-primas para manter as atividades diárias de 1,4 bilhão de pessoas. Enquanto a China pode fornecer ao Brasil bens manufaturados, tecnologia, infraestrutura e investimentos. Isso se traduz na economia, com a China se tornando o principal parceiro comercial do Brasil em 2009 e atingindo aproximadamente 100 bilhões de dólares em balança comercial em 2018, com superávit de US $ 29 bilhões para o Brasil. É importante destacar que este ano pode ser considerado uma excepcionalidade, em razão da guerra comercial que levou a China a favorecer o Brasil sobre os EUA na compra de commodities.