Question

Como Kant Justifica a existência de Deus?

Answer 1

Em 1763, numa obra de sugestivo título, O único argumento possível para uma demonstração da existência de Deus, Kant aperfeiçoa um argumento já ensaiado na Nova Dilucidatio (Cf. KANT, 1983: 46) e, embora esteja a tentar uma prova da existência de Deus, derruba importantes pressupostos da metafísica tradicional. A prova parte de um pressuposto inverso ao da ontologia leibniz-wolffiana, pois o filósofo não admite mais a idéia de que seja possível determinar a existência por uma mera possibilidade dada em pensamento. À parte a prova propriamente dita, é o próprio método da metafísica que está sendo criticado e repensado (Cf. KANT, 2004: 50)  Mesmo no âmbito da crítica transcendental, Kant aponta para esta mesma inevitabilidade, para esta suprema condição dos raciocínios da razão, contudo, a afirmação de uma existência objetiva tornara-se, agora, uma ilusão. Assim, segundo ele: “Nada disto, porém, significa a relação objetiva de um objeto real com outras coisas, mas apenas da ideia com conceitos, e deixa-nos em completa ignorância acerca da existência de um ser de tão excepcional eminência” (KANT, 2001) 
A reflexão kantiana segue, portanto, rumo a uma união entre teleologia e moral a partir da necessidade de um ser divino como causa moral do mundo. A prova moral da existência de Deus não recobra a teologia por meio de qualquer afirmação determinante, ou seja, objetivo-constitutiva do juízo, mas, Deus torna-se um pressuposto necessário de modo subjetivo para a razão prática do homem. 

Answer 2

Kant justifica a existência de Deus por meio de um argumento prático sobre o significado da própria existência humana e a natureza da moralidade.

Para Kant os seres humanos tem por "fim último" a perfeição - ou o aperfeiçoamento -, de modo que buscam sempre evoluir e ser melhores que o que são, se tornado, pouco a pouco, mais felizes e virtuosos.

Para atingir este objetivo, diz Kant, é necessário que a vida não se limite à existência física: os seres humanos tendem ao aperfeiçoamento, mas uma vida é muito curta e os recursos são poucos, é necessário, portanto, que exista uma vida após a morte para que esta perfeição seja atingível.

Para que esta "pós-vida" exista deve, necessariamente, existir Deus, que criou também a perfeição e guia a moral verdadeira, de modo que é a própria  suposta existência de Deus que justifica nos homens esta tendência ao aperfeiçoamento contínuo.

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