Como funciona o capitalismo atual no brasil?
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Recentemente, o capitalismo no Brasil vem sofrendo duros golpes. Com o amadurecimento de nosso sistema democrático, durante os anos de FHC, o Brasil começava a vencer a inflação e preparava as reformas necessárias para criar as bases para o desenvolvimento econômico e para a evolução do capitalismo brasileiro que até então engatinhava com interferência forte do governo na administração de diversas empresas, sob a desculpa de se tratar de setores estratégicos. Foram privatizadas as teles (hoje não mais precisamos esperar anos na fila por um telefone fixo) e a Vale do Rio Doce, hoje Vale S/A, que passou a ser uma empresa lucrativa, pagando impostos, gerando empregos e fortalecendo o nome do Brasil no exterior, somente para citar dois exemplos. E, justamente na Vale, um dos orgulhos nacionais, foi protagonizado um dos maiores ataques contra o nosso capitalismo. A interferência direta da Presidência da República na troca de comando da Vale veio menos de um ano depois do golpe que o governo federal deu nos acionistas minoritários da Petrobras. Petrobras e Vale somam hoje cerca de 40% da movimentação diária da Bovespa. Essas referidas ingerências do governo põem em xeque a confiabilidade da economia de mercado brasileira. Por exemplo, o governo federal sempre interfere nos preços de vendas de combustíveis com o intuito de tentar conter a inflação. Os preços dos combustíveis devem flutuar assim como acontece nos países cujas economias não têm amarras. No Primeiro Mundo, o preço do combustível acompanha o preço do barril do petróleo. A população e o mercado se adaptam para enfrentar a nova situação, causando o surgimento de novas tecnologias para o setor e o preço se autorregula. Essa ingerência na Petrobras, assim como a ocorrida na Vale, traz sérios prejuízos à imagem de nosso sistema capitalista, tirando a confiança do investidor brasileiro e estrangeiro em nosso mercado de capitais. O mercado de capitais é essencial, pois é um dos principais meios de financiamento do crescimento econômico. O mais triste e o que mais preocupa é que essa interferência é resultado de um modelo ideológico falido, que continua a resistir teimosamente sob o novo nome de chavismo, e que é protagonizada por pessoas apadrinhadas em cargos por políticos, em geral despreparadas para entender as nuances e as forças que influenciam economicamente os mercados e por conseqüência as decisões que devem ser tomadas pelos líderes dessas organizações. Enfim, o atual momento do capitalismo no Brasil, que descobriu o mercado de capitais, reformulou suas normais contábeis e de auditoria, em consonância com as práticas internacionais, juntamente com o fortalecimento da governança corporativa das principais companhias brasileiras, não combina com governantes simpatizantes de ideologias retrógradas e totalitárias. * Sócio-diretor da firma de auditoria e consultoria De Biasi Auditores Independentes LUCIANO TADEU LUCCI DE BIASI *