Como foram organizadas as relações raciais no Brasil ao longo dos séculos
XIX, XX e XXI?
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RESUMO
O presente ensaio teórico discute o tema das relações raciais no Brasil e explora suas interfaces com os estudos sobre gestão da diversidade nas organizações. Para tanto, busca problematizar a apropriação que a referida área de estudos tem feito dos trabalhos norte-americanos, colocando em segundo plano - ou até mesmo ignorando-os estudos sobre relações raciais desenvolvidos pela antropologia e pela sociologia brasileiras. Essa problematização nos ajuda a perceber que os estudos organizacionais no Brasil têm se colocado de maneira deslocada nesse debate.
TEXTO: Os estudos sobre relações raciais conduzidos pela escola paulista nos anos 1950 revelaram, entre outras coisas, que havia certa reserva por parte dos brasileiros em discutir o tema do racismo. Era grande o envolvimento com o discurso da democracia racial produzido nos anos 1930, o que levava muitos brasileiros a acreditarem que não havia racismo no Brasil e, por conta disso, não deveria constar na pauta dos problemas nacionais.Somente após os resultados encontrados por Bastide e Fernandes (1955), o discurso da democracia racial teve suas primeiras fissuras, e o tema do racismo, ainda que de forma incipiente, começou a ocupar espaço cada vez maior nos debates acadêmico, social e político. Outras pesquisas buscaram aprofundar a questão do racismo no Brasil com base nos indicadores de desigualdade social (Hasenbalg, 1979/1995), e os movimentos negros articularam-se de forma mais estruturada e politizada para inserir o racismo no debate nacional (Domingues, 2007). Em todos os casos, estamos nos referindo a organizações (públicas e privadas) que têm viabilizado a inclusão social dos negros por meio de políticas que visam reduzir desigualdades raciais e, principalmente, romper com o racismo sistêmico que tem impedido a ascensão social dos negros no Brasil (Santos, 2001). Sabemos que as relações raciais envolvem outros grupos sociais como, por exemplo, indígenas, asiáticos e judeus, sendo este último vítima do antissemitismo após a ascensão do nazi-fascismo na Europa e em outras partes do mundo (Maio, 1993). Apesar das similaridades teóricas que esses diferentes tipos de relações raciais guardam entre si, neste ensaio o foco está nas relações raciais envolvendo negros, brancos e mestiços. A escolha por esse tipo de relação se deu em virtude de os estudos brasileiros sobre raça e racismo terem se ocupado principalmente da questão do negro e dos desdobramentos históricos do período escravocrata para as relações raciais no Brasil e no mundo (Gilroy, 1993; Rocha, 2009). Sendo assim, considerando o papel das organizações nesse processo, e a dinâmica que as relações raciais entre negros, brancos e mestiços podem assumir no interior delas, podemos formular algumas questões acerca de: (a) Como os estudos organizacionais brasileiros têm se colocado diante dessa temática?; (b) Qual o lugar das relações raciais nos estudos sobre diversidade nas organizações?; e (c) Qual a relevância do contexto sócio-histórico brasileiro para a dinâmica das relações raciais nas organizações brasileiras?
Os estudos recentes sobre diversidade cultural, realizados em contexto brasileiro, revelam importantes lacunas no âmbito dos estudos sobre organizações no Brasil. Essas lacunas resultam basicamente da pouca ênfase que as pesquisas têm dado: (a) aos diversos tipos de minorias nas organizações; (b) às especificidades do contexto organizacional brasileiro diante dessa diversidade; e (c) à efetividade das políticas de promoção da diversidade nas organizações brasileiras. No primeiro caso, Costa e Ferreira (2006) destacam a ênfase nos estudos de gênero e a escassez de pesquisas sobre outras minorias, em particular os estudos sobre pessoas com orientação sexual diversa e sobre raça/etnia. Neste último caso, Vieira e Caldas (2005) também ressaltam a falta de estudos sobre raça e racismo nas organizações brasileiras, e Conceição (2009) aprofunda essa problematização questionando a ausência da raça-etnia como tema de pesquisa nos estudos organizacionais. Em primeiro lugar, conforme nossa epígrafe, por causa da reserva dos brasileiros em abordar o tema do racismo num país que ainda não resolveu muito bem essa questão, inclusive no campo acadêmico. Em segundo lugar, por causa do flagrante distanciamento dos estudos organizacionais em relação aos estudos sobre relações raciais desenvolvidos no Brasil.Quando analisados em conjunto, esses dois fatores empobrecem nossas análises sobre diversidade nas organizações brasileiras e, justamente por isso, acabam abrindo espaço para os estudos desenvolvidos em outros países, notadamente os EUA, onde a questão racial faz parte da reflexão acadêmica desde os primeiros estudos desenvolvidos pelo afro-americano W. E. B. DuBois, já no final século XIX e início do século XX (Nkomo, 2009).
Explicação:
espero ter ajudado