História, perguntado por pietro6285, 9 meses atrás

Como foi o processo da formação da matrix étnico-cultural brasileira, no tocante aos negros?​

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Respondido por dc6354827
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Resposta: No plano étnico-cultural, essa transfiguração se dá pela gestação de uma etnia nova, que foi unificando, na língua e nos costumes, os índios desengajados de seu viver gentílico, os negros trazidos de África, e os europeus aqui querenciados. Era o brasileiro que surgia.

Reconstituir e entender esse processo em toda a sua complexidade é meu objetivo neste livro. Parece impossível, porque a documentação nos conta a versão do dominador. Lendo-a criticamente, é que me esforçarei para alcançar a necessária compreensão dessa desventurada aventura.

Tarefa relevantíssima, em dois planos. No histórico, pela reconstituição da linha de sucessos através dos quais chegamos a ser o que somos, os brasileiros. No antropológico, porque o processo geral de gestação de povos que nos fez é o mesmo que fez surgir em outras eras e circunstâncias muitos outros povos, de cujo processo só temos notícias escassas e duvidosas.

A MATRIZ TUPI

Os grupos indígenas encontrados no litoral pelo português eram principalmente tribos de tronco tupi. Somavam, talvez, um milhão de índios, divididos em dezenas de grupos tribais, cada um deles compreendendo várias aldeias de trezentos a 2 mil habitantes. Portugal àquela época teria a mesma população ou pouco mais.

Na escala da evolução cultural, os povos Tupi davam os primeiros passos da revolução agrícola. Além da mandioca (uma planta venenosa a qual eles deviam cultivar e tratar adequadamente para extrair-lhe o ácido cianídrico, tornando-a comestível), cultivavam o milho, a batata-doce, o cará, o feijão, o amendoim, o tabaco, a abóbora, o urucu, o algodão, o carauá, cuias e cabaças, as pimentas, o abacaxi, o mamão, a erva-mate, o guaraná, entre muitas outras plantas. Faziam, para isso, grandes roçados na mata, derrubando as árvores com seus machados de pedra e limpando o terreno com queimadas.

Mesmo em face do novo inimigo, os Tupi só conseguiram estruturar efêmeras confederações regionais que logo desapareceram. A mais importante delas, conhecida como CONFEDERAÇÃO DOS TAMOIOS, foi ensejada pela aliança com os franceses instalados na baía de Guanabara. Reuniu, de 1563 a 1567, os Tupinambá do Rio de Janeiro e os Carijó do planalto paulista – ajudados pelos Goitacá e pelos Aimoré da Serra do Mar, que eram de língua jê – para fazerem a guerra aos portugueses e aos outros grupos indígenas que os apoiavam. Nessa guerra inverossímil da REFORMA versus a CONTRA-REFORMA, dos calvinistas contra os jesuítas, em que tanto os franceses como os portugueses combatiam com exércitos indígenas de milhares de guerreiros, jogava-se o destino da colonização.

Nessas guerras, e nas que se seguiram até a consolidação da conquista portuguesa, os índios jamais estabeleceram uma paz estável com o invasor, exigindo dele um esforço continuado para dominar cada região.

Muitos outros povos indígenas tiveram papel na formação do povo brasileiro. Alguns deles como escravos preferenciais, por sua familiaridade com a tecnologia dos paulistas antigos, como os Paresi. Outros, imprestáveis para escravos porque seu sistema adaptativo contrastava demais com o dos povos Tupi. É o caso, por exemplo, dos Bororo, dos Xavante, dos Kayapó, dos Kaingang e dos Tapuia em geral.

O contraste maior se registrou entre aquele povo mameluco e os Guaikuru, também chamados índios cavaleiros. Adotando o cavalo, que para os outros índios era apenas uma caça, eles se reestruturaram como chefaturas pastoris que enfrentaram o invasor, infringindo-lhe derrotas e perdas que chegaram a ameaçar a expansão europeia: “pouco faltou para que exterminassem todos os espanhóis do Paraguai” (Félix de Azara apud Holanda 1986:70).

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