como foi a atuação de Napoleão na Rússia?
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A desastrosa invasão da Rússia em 1812 foi o início da queda de Napoleão. Enfrentando incêndio, fome e um frio apavorante, o grande exército francês sofreu como nunca. A Campanha da Rússia foi uma gigantesca operação militar realizada pelos Franceses e seus aliados, sob o comando de Napoleão Bonaparte em 1812, e que teve grande impacto sobre o desenrolar das chamadas Guerras Napoleônicas, marcando o início do declínio do Primeiro Império Francês. Foi orquestrada com o objetivo de punir a Rússia, que havia quebrado o Bloqueio Continental, que era a determinação de Bonaparte de nenhum país manter relações comerciais com a Inglaterra; ao mesmo tempo que forçando um pedido de rendição do czar russo, a França subjugaria toda a Europa continental. As forças de invasão, ao final, foram reduzidas a 2% do seu contingente inicial. A invasão provocou profundas mudanças no panorama social e político dos países envolvidos, gerando grandes movimentos migratórios, bem como revolucionárias reviravoltas nos panoramas estabelecidos das operações militares. Um paralelo pode ser feito com a invasão alemã de 1941-1945, durante a Segunda Guerra Mundial. Para um projeto dessas dimensões, em 1810 Napoleão começou a preparar uma tropa à altura. A grande armée (grande exército, em francês) reunia mais de meio milhão de homens. Eram 610 mil combatentes, levando 1 420 canhões. Ao todo, 678 mil, se contarmos as tropas reservas.A campanha começou na madrugada do dia 24 de junho de 1812, quando o grande exército napoleônico cruzou o rio Neman e invadiu a Rússia sem avisos ou declarações formais de guerra, e a 17 de agosto atacava Smolensk. A ação foi um golpe nos planos de Alexandre I, que desde maio vinha montando seu próprio grande exército. Incluindo cossacos e milícias populares, chegava-se à espantosa cifra de 900 mil homens. O problema é que essa massa militar estava sendo reunida na Moldávia, na Criméia, no Cáucaso, na Finlândia e em regiões do interior do império, longe demais do local de entrada do exército francês. Por isso, em junho de 1812 os russos só conseguiram colocar cerca de 280 mil homens e 934 canhões na fronteira ocidental. A importante cidade de Smolensk caiu então sem combate por parte das tropas, uma decisão difícil do alto comando russo para não correr o risco de perder importantes forças em uma batalha praticamente perdida.Após a batalha de Borondino, Napoleão entrou em Moscou, e encontrou a cidade surpreendemente vazia, evacuada dias antes, prevendo a invasão. Em meio a indisciplina das tropas francesas, e a falta de autoridade dos oficiais perante as suas tropas, que não conseguiam impedir o saque, a pilhagem e a deserção dos soldados; grandes incêndios provocados por fogueiras mal-alocadas e sabotadores acabaram por tranformar a cidade em pilhas de escombros. Enquanto Napoleão acampado esperava a rendição do czar, o inimigo recuperava seus exércitos rapidamente.Napoleão teve então de reavaliar as opções. Seu exército estava enfraquecido e com moral baixa. As linhas de abastecimento foram cortadas. A rendição inimiga não dava mostras de acontecer. Após cinco semanas de acampamento sobre as cinzas da cidade, o imperador francês decidiu dar meia volta e iniciar o retorno à França em 19 de outubro.No dia 4 de novembro, uma neve pesada começou a cair sobre os franceses desnutridos. No dia 9 de novembro, a temperatura caiu para cerca de -26 °C e continuava baixando. O frio penetrava nas roupas esfarrapadas dos soldados e se somava à exaustão. Muitos mal conseguiam andar, cair simplesmente significava não levantar mais, devido a tamanha fraqueza das tropas. Centenas de franceses acampavam para dormir nas longas noites nas estepes geladas e simplesmente amanheciam congelados devido ao inverno ou então assados pela proximidade das fogueiras que montavam, na tentativa de escapar do frio.O passo seguinte era atravessar o rio Berezina (na atual Bielorrússia). No dia 26 de novembro, os remanescentes da armada francesa caíram numa armadilha. Pela frente os russos seguravam a ponte. Por trás pressionava o exército de Kutuzov. Em segredo, Napoleão enviou seu corpo de engenharia para construir uma ponte improvisada sobre o semicongelado Berezina. Quando os russos perceberam, abriram fogo. Cerca de 10 mil russos pereceram, contra 36 mil franceses, muitos dos quais só foram encontrados com o degelo da primavera. No dia 14 de dezembro de 1812, sob um frio de -38 °C, o que restou da grande armeé conseguiu cruzar o rio Nemen de volta: apenas 10 mil homens em estado lastimável, incluíndo um Bonaparte perplexo. A contagem das baixas do fracasso napoleônico: 550 mil homens mortos. No lado russo, 250 mil soldados efetivos e 50 mil entre milícias cossacas e populares. A campanha da Rússia mostrou que Napoleão não era invencível. Muitos países se rebelaram. Era o fim do sonho napoleônico de um domínio da Europa.
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