Como filha de um homem abastado, a noiva fora instruída nos rudimentos da leitura e da escrita [...]. Só que a noiva
era uma criatura histriônica*. Tudo que lia, poesia ou canção, era compartilhado com a Escrava; tudo que escrevia, em
seguida lia em voz alta para a Escrava. Em segredo, a africana desconfiava daqueles sinais mágicos, tinha medo do
papel que podia transportar vozes humanas. Porém, contanto que fosse a sua favorita quem dava voz às palavras, ela
se sentia em segurança; contanto que fosse ela quem transformava em música os sinais no papel, a Escrava ficava
contente. Agora, pela primeira vez, foi excluída. A mensagem do anjo tinha erguido uma barreira de escrita entre ambas.
*histriônica: relativo a histrião, aquele que representava as farsas, logo, comediante, farsista.
(Bahiyyih Nakhjavani, O alforje. Porto Alegre: Dublinense, 2018, p. 180.)
Leia o texto para responder às questões de números 03 e 04.
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3. A personagem Escrava via na linguagem um poder tido como mágico, pois dava vida àquilo que não estava presente, o que percebe-se no trecho "transporta vozes humanas", mas também criava uma barreira entre elas, pois a escrava não sabia ler.
4. O foco narrativo do trecho que foi lido é de narrador onisciente, visto que ele possui livre acesso às emoções e aos pensamentos dos personagens, que pode fazê-lo por meio do discurso.
Abraços!
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