Como ficou o Brasil sem D. João VI?
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Resposta:
Dom João VISeis de fevereiro de 1818 foi dia de grandes festejos na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Naquela ocasião, ocorreu um evento único na história, assim anunciado por D. João VI:
“E sendo justo que, conforme o uso antigo, costumes destes Reinos, se me faça o juramento, preito e homenagem, pelos grandes títulos, seculares e eclesiásticos, vassalos e mais pessoas de nobreza: fui servido nomear o dia 6 do mês próximo futuro para esta solenidade, que se há de celebrar na varanda que para este efeito se mandou levantar no terreiro do Paço.”
Foi desta forma que D. João anunciou à população dos seus reinos a data de sua aclamação como Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, d’Aquém e d’Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.
A realização de tal cerimônia no Brasil trazia em seu bojo uma ousadia que, hodiernamente, nos é difícil de aquilatar. D. Maria I falecera em março de 1816, dois anos antes. Os biógrafos discutem as razões pelas quais D. João VI adiou por tanto tempo sua aclamação.
O padre Luiz Gonçalves dos Santos, o Padre Perereca, (Memórias para Servir à História do Reino do Brasil, publicado em 1825), ao passo que enfatizou a riqueza e esplendor dos festejos, realçando o extraordinário do acontecimento, tanto para europeus quanto para americanos, declarou que o rei adiou sua aclamação para “não misturar as lágrimas” de tristeza pela morte da mãe com as de júbilo pela aclamação.
Já em seu livro D. João no Brasil, Oliveira Lima, um fino e erudito diplomata, escrevendo cerca de cem anos depois, mesmo acatando a justificativa do Padre Perereca, acrescentou um novo dado, que um estudo de maior amplitude lhe possibilitou ver: as dificuldades políticas criadas em Portugal para a realização de tão importante cerimônia no Brasil. A insatisfação dos portugueses, que reclamavam a volta da família real e sentiam-se abandonados pelo monarca. Os portugueses viam na decisão da aclamação na América a confirmação da inaceitável inversão da relação metrópole-colônia. Essa resistência provavelmente adiou o envio da deputação dos reinos de Portugal e Algarves, bem como da Universidade de Coimbra, que insistiam na impossibilidade da aclamação sem a presença das cortes em ato de tamanha importância.
Em verdade, podemos ver que D. João VI fez questão de ser aclamado na América como ato simbólico de consolidação do império que aqui viera fundar.
Em 1808, o Brasil recebera festivamente seu monarca. Em março daquele ano, com o povo nas ruas, o Rio de Janeiro festejou por nove dias a chegada da corte. Letras iluminadas na cidade receberam o Príncipe Regente, bem como todo seu aparato estatal, com o seguinte dizer: “América feliz tem em teu seio, no Novo Império, o fundador sublime.”
Dom João logo concluiu que, no Brasil, ficaram longe as ameaças francesas e as pressões inglesas; até das desgraças domésticas poderia se afastar. Distante da confusa e belicosa Europa, onde jogava o papel de primo pobre, marionete na mão das grandes potências, aqui D. João pôde encontrar tranqüilidade, fartura e paz. Era uma grande nação à espera de um governante. Dom João finalmente sentiu-se forte e soberano.
Instalado no Palácio dos Vice-Reis, ainda não haviam terminado as festas, quando Dom João deu início à sua administração. Recompôs seu ministério, copiando o modelo lisboeta, e logo o pôs a funcionar. Havia muito a ser feito.
Ainda na Bahia, Dom João tinha aberto os portos brasileiros a todas as nações amigas. Um fato de extraordinária importância, e que mudava radicalmente a política que Portugal seguia desde a invasão do nordeste pelo holandeses no século XVII. Naquela ocasião, Portugal concluiu que conseguira se livrar dos invasores em função de uma série de circunstâncias felizes, que poderiam não mais se repetir. Assim, optaram por vedar o acesso ao Brasil a todo e qualquer estrangeiro, tornando “secreto” o país. Proibindo, inclusive, a publicação ou circulação de qualquer notícia sobre o território. Como o ato do monarca, pela primeira vez, estrangeiros poderiam livre e legalmente desembarcar no território brasileiro. Uma verdadeira revolução
Dom João também procurou retirar os entraves que impediam o desenvolvimento da colônia. Um mês depois da sua chegada, revogou o antigo decreto que impedia a existência de indústrias. Também liberou o plantio antes proibido de oliveiras e amoreiras e permitiu a comercialização do trigo do Rio Grande do Sul, que até então servia apenas para consumo