Como está a cabeça de quem vive em isolamento há um mês
Texto 1
Como está a cabeça de quem vive em isolamento há um mês
A saúde mental daqueles que se viram obrigados a
conviver com os outros, consigo mesmos e com uma nova vida
Danilo Thomaz e João Paulo Saconi
17/04/2020 - 03:00
A artista visual Luciana Colvara Bachilli, de 41 anos, conhecida como Luluca, mudou-se em 2017 do Rio de Janeiro para Balneário Camboriú, Santa Catarina, pretendendo dar um novo começo a sua vida, depois de ter sido diagnosticada, dois
anos antes, com transtorno de personalidade borderline, marcado por alterações bruscas e extremas de humor, além de sintomas como impulsividade, irritação em dificuldade em controlar as próprias emoções. Em três anos na cidade catarinense,
conseguiu atenuar os problemas. Mas toda a melhora alcançada está por um fio desde o início da pandemia. [...]
Situações traumáticas mexem com a saúde mental das pessoas. Desde a perda de um ente querido e de um emprego até presenciar ou ser vítima de atos de violência. Viver em meio à maior pandemia dos últimos 100 anos, com todos os seus efeitos
colaterais sociais e econômicos, não é diferente de passar por um grande trauma. Há o medo do contágio, a vida em isolamento, as perspectivas econômicas incertas e a mudança brusca na rotina, que resulta na total substituição da vida cotidiana que se tinha por outra, nem sempre melhor. Uma pesquisa publicada pela revista científica Lancet em março deste ano apontava que, entre os efeitos de uma quarentena prolongada, está, nos casos mais severos, o transtorno de estresse pós-traumático, cujos sintomas são a paranoia, os flashbacks e pesadelos que podem durar anos.
A nova ordem mundial
Texto 2
A nova ordem mundial
A pandemia de coronavírus marca uma guinada definitiva na história da civilização. Ela pode ser o acontecimento inaugural de um ciclo catastrófico ou o ponto de inflexão para uma mudança profunda. Rendidos pelas forças da natureza, como diante de um dilúvio ou de um terremoto, nunca fomos tão frágeis. Tememos a morte, não sabemos para onde vamos e as previsões de
longo prazo que tentávamos traçar ruíram, tanto na vida pessoal, como nos planos estratégicos de governos e empresas.
Vicente Vilardaga e Eudes Lima
17/04/20 - 09h30
Alguns estudiosos chegam a dizer que se trata do colapso do capitalismo industrial.Outros falam que o modelo de Estado-Nacional, construído no final do século 18, está sofrendo um golpe fatal. Seja como for, o que se verifica, neste momento, é o fortalecimento do Estado como força protetora dos cidadãos. E em meio ao caos – confinados no aconchego do lar – temos a oportunidade de aproveitar o tempo para colocar em prática a máxima do filósofo grego Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”, estampada, há 2,5 mil anos, no oráculo de Delfos, um dos epicentros espirituais da Antiguidade. A tendência mais imediata, necessária e óbvia relacionada à pandemia de Covid-19 é a redução da mobilidade. [...] As barreiras sanitárias entre cidades, estados e países aumentaram e continuarão elevadas por meses ou anos. Será difícil cruzar qualquer fronteira no mundo sem um teste negativo de coronavírus.
[...]
1- Tratando do mesmo tema, cada reportagem considera aspectos diferentes da pandemia do coronavírus. Que aspecto cada uma considera?
2- As reportagens consideram temporalidades diferentes para abordar o mesmo assunto. Para que tempo apontam os fatos privilegiados em cada reportagem?
3- Ao tratar de aspectos diferentes, cada revista supõe necessidades específicas dos leitores. Qual é essa necessidade em cada caso?
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