Question

Como eram feitas as vinhetas de entradas de novelas antigamente?

Answer 1

Você provavelmente se lembra de muitas aberturas marcantes das telenovelas brasileiras, mas certamente não sabe como elas foram produzidas. Atualmente, a tecnologia é uma das ferramentas mais usadas na elaboração das aberturas. Muitas delas, como as de “Meu Pedacinho de Chão” e “Amor à Vida”, foram totalmente feitas por designers gráficos, mas nem sempre foi assim.

Décadas atrás, as vinhetas eram produzidas praticamente de forma manual e os responsáveis por elas encontravam maneiras inusitadas para criarem efeitos, que hoje foram substituídos pela computação gráfica. Com o auxílio de várias reportagens antigas disponibilizadas na internet, o RD1 mostra a seguir como foram feitas algumas das aberturas mais memoráveis da nossa telinha.

Confira:

Roque Santeiro (1985)

A tecnologia chamada chroma key foi usada na abertura de “Roque Santeiro”, onde pessoas andavam em milhos, folhas, coco e etc. O diretor de arte Nilton Nunes conta que as imagens em cenário tinham que ser feitas no mesmo angulo e tamanho das imagens que seriam inseridas. E uma curiosidade: a equipe gravou as últimas cenas da abertura no dia da estreia da trama. “Foi um sufoco”, relembrou Nilton em uma entrevista para o site “Memória Globo”.

Deus nos Acuda (1992)

Há mais de 20 anos, os telespectadores se surpreenderam ao verem uma lama preta invadir uma festa na abertura de “Deus nos Acuda”. Hans Donner, responsável pelo trabalho que repercutiu até no exterior, optou por mergulhar todo o cenário em uma lama, e não o contrário. As gravações renderam 8 dias de trabalho, sem contar com a criação do projeto. Outra curiosidade é que a ‘lama’ foi feita com isopor ralado e tinta preta. A caneta que aparece ‘flutuando’ só se movimentou por conta de duas hastes, manipuladas por um técnico. A computação gráfica usada no trabalho foi mínima.

Pedra Sobre Pedra (1992)

Também exibida em 1992, a novela “Pedra Sobre Pedra” precisou de ajuda de computadores para transformar a imagem da modelo Mônica Fraga em obras da natureza. Hans Donner teve que encontrar posições perfeitas para transformar a jovem em árvore, pedras, e outros objetos. Já o seio que apareceu na gruta, o rosto na rocha e a pedra com forma de perna foram imagens da própria natureza. Foram usados cinco dias em gravações nos estúdios e dezenas de horas para editar tudo.

O Clone (2001)

Considerada um dos trabalhos mais primorosos da dramaturgia brasileira, a abertura de “O Clone” também foi gravada com um modelo no estúdio. A equipe comandada por Hans Donner chegou a usar equipamentos com uso de bicicletas para improvisar as posições do rapaz. O efeito de duplicação, que remetia ao tema central da história, foi feito com um espelho.

Cama de Gato (2009)

Hans Donner criou uma grande ‘cama de gato’ para a abertura da trama de Duca Rachid e Thelma Guedes. O designer quis mostrar várias pessoas se comportando como gatos em cima de diversas cordas. As gravações aconteceram em um estúdio com Chroma Key e, por meio de computação gráfica, surgiu um novo cenário. Os atores chamados tinham que realizar manobras em cima de marcações, que na sala de edição virou a famosa ‘cama de gato’.

Salve Jorge (2012)

Um show de efeitos especiais marcou a abertura de “Salve Jorge”. A equipe gravou com um cavalo do parque temático Beto Carrero World dentro de um estúdio. A computação gráfica criou um trajeto virtual e também um grandioso cenário em 3D. A ideia era mostrar um guerreiro percorrendo todos os lugares da trama, desde a Capadócia, na Turquia, ao morro do Alemão, no Rio de Janeiro.

Dona Xepa (2013)

Outra abertura que impressionou pelos efeitos gráficos foi a de “Dona Xepa”. A equipe usou 60 câmeras para girar as imagens em 360º. As frutas cengráficas foram captadas a partir de fotos reais, e todo o trabalho foi feito em um cenário virtual, ganhando forma na sala de edição.

Chiquititas (2013/atualmente)

Atualmente no ar pelo SBT, “Chiquititas” também ganhou uma abertura com status de superprodução. O universo infantil criado pela equipe de arte da trama se desenvolveu a partir de um cenário virtual, e ganhou vários desenhos e cenários em três dimensões. Todo o trabalho, desde o início da criação dos personagens por computação gráfica, durou dois meses.