como era viver sem internet 30 anos atrás?
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ÉPOCA
Previsões de um futuro passado: 30 anos de internet
Confira alguma das tendências publicadas nos jornais na infância da rede mundial de computadores
A internet faz 30 anos em 2019 MATEUS DE CAMPOS VALADARES - INF / ÉPOCA
POR DANIEL SALGADO
08/02/19 - 20h26 | Atualizado: 08/02/19 - 20h28
Há 30 anos, o mundo era outro. Não, eu não estou falando da queda do muro de Berlim, da eleição de Collor ou dos protestos na Praça da Paz Celestial. Quero dizer que, em 1989, a internet mal existia. Foi só naquele ano que Tim Berners-Lee deu forma final a seu conceito de World Wide Web, quando ainda trabalhava na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear em Genebra. Provedores de internet para o grande público só engatinhavam nos Estados Unidos e na Europa.
Ainda que fosse um cenário bastante distinto da nossa web de redes sociais, conexão sem-fio e emojis, ali estavam as bases da rede mundial de computadores que conhecemos hoje. Em homenagem às três décadas dessa invenção que mudou o mundo, mergulhei nos acervo de O Globo para conferir quais eram as previsões dos jornais sobre o futuro da Internet entre 1989 e 1995, ano em que o serviço chegou oficialmente ao Brasil e pudemos enfim conferir seu funcionamento ao vivo e a (poucas) cores. Separei, a seguir, cinco das mais interessantes previsões, deixando de lado outras como e-commerce e internet banking.
“find assis, machado de”
O simples comando de busca era quase revolucionário em 1993, data de uma reportagem que falava da inevitabilidade do crescimento da Internet, então com quase 20 milhões de usuários. Entre afirmações ousadas que se concretizariam (“não há mais chances de uma completa vida profissional-sentimental-afetiva-prática fora das redes”, cravava o semanário Newsweek), o Brasil ainda engatinhava na adoção do serviço.
Uma das únicas saídas eram os de computadores da rede da UFRJ, a primeira universidade da América do Sul a se conectar. Daí a escolha do exemplo machadiano para demonstrar uma busca digital: “find assis, machado de”. Aquele simples comando traria, após três segundos, uma pesquisa de seis títulos de obras do Bruxo do Cosme Velho, incluindo referências. A matéria até indaga: “Não seria o máximo para um aluno que precisa fazer trabalhos escolares?”. O Google e a Wikipedia que o digam...
A internet ao alcance de (quase) todos O GLOBO
“Aviso aos piratas: muito cuidado!”
O ano era 1992 e a Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES), anunciava medidas de combate à pirataria no país. Segundo a empresa, o prejuízo anual do compartilhamento ilegal de softwares por aqui chegava ao patamar de US$10 milhões. A campanha tinha linhas de consulta telefônica, propagandas e até um escritório de advocacia para tentar coibir a prática. Ainda que, para a ABES, o pirata naquele momento se assemelhasse mais ao personagem de Jerry Seinfeld no episódio “The Little Kicks”, de 1996, é desnecessário dizer que a Internet não colaborou com a causa.
Descentralizada, a web se tornou o melhor lugar do mundo para quem quer adquirir softwares (e músicas, filmes, jogos, livros…) sem pagar nada. A chamada “Pirataria Compartilhada” só cresceu no mundo, e estimativas recentes apontam um prejuízo de US$52 bilhões anuais em 2022. Independentemente da sua concepção de pirataria como prática justa ou injusta, é inegável que os executivos dos anos 90 nem sequer imaginavam a chegada das conexões peer2peer e serviços como o Napster e portais de torrents. Até 2019, ao menos, os mares da internet se tornaram porto-seguro da pirataria.
Pirataria nos anos 90 O GLOBO
"Quem quer ler tanta notícia?"
Em 1991, a internet já alcançava um número decente de usuários. Pelo menos 3 milhões, segundo uma reportagem que descrevia as cada vez mais conectadas redes de computadores, até então principalmente acadêmicas. E um dado chama a atenção: quem se conectasse à rede poderia ter acesso a mais de “200 conferências internacionais, sem sair de casa”. Mais do que isso, era possível ler até 100 páginas de notícias por dia! O número hiperbólico levou a repórter a se questionar: “Quem quer ler tanta notícia?!”
Pois bem... quase 30 anos depois, o panorama é outro. Só nos EUA, dois terços das pessoas acessam notícias online, e a te