Português, perguntado por loanaoliveira16, 10 meses atrás

Como era o visto o ensino de língua materna até a década de 1960?​

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Respondido por jeefernandes96
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Resposta:

No século XIX, o ensino de língua materna relacionava-se a uma tradição de teoria e análise com raízes na filosofia grega, em que a linguagem era usada como expressão de pensamento. Só no início do século XX , com as novas teorias lingüísticas, começam a se ouvir os ecos de uma mudança, mas, ainda assim, o ensino de Língua Portuguesa se mantinha voltado à tradição gramatical, buscando-se a homogeneidade padronizada e desprezando-se a heterogeneidade dialetal.Apesar de as obras de Said Ali, João Ribeiro e Sousa da Silveira apresentarem manifestações da lingüística sincrônica, desde o início do século até os anos 50, notava-se a deficiência de um estudo descritivo, uma vez que a história da língua merecia tratamento especial. O ensino destinava-se a uma elite que valorizava a gramática normativa calcada na norma padrão. As camadas populares não tinham acesso à escola, pois as vagas eram escassas, a situação começa a se transformar ainda na década de 60, quando se firma o processo de democratização da escola, em conseqüência de um novo modelo econômico. Não se trata, pois, de uma mudança educacional, mas, sim, de novas condições sociopolíticas. O país vive uma metamorfose. Com a ditadura militar, a partir de 1964, passa-se a buscar o desenvolvimento do capitalismo, mediante expansão industrial.A proposta educacional, agora, passa a ser condizente com a expectativa de se atribuir à escola o papel de fornecer recursos humanos que permitam ao Governo realizar a pretendida expansão industrial.

A partir de 1963, foi implantada a disciplina Lingüística no currículo mínimo dos Cursos de Letras, decisão essa que causou graves distorções, pois professores sem formação lingüística se tornaram responsáveis pelo ensino da nova disciplina.

A língua valorizada como instrumento de comunicação, ensinavam-se elementos de comunicação e funções da linguagem. Dava-se, ainda, valor à expressão corporal como uma forma de linguagem. O professor que “ensinasse gramática” era considerado desprestigiado. As gramáticas de Bechara, Celso Cunha e Rocha Lima, até então alvos de ensino, eram substituídas por outras que, para facilitar a aprendizagem, ensinavam através da ilustração. Também as antologias desapareciam; em seu lugar, surgiam livros didáticos mais atraentes em sua forma, explorando-se cores e recursos gráficos. Seu conteúdo - esse, sim - deixava a desejar. A interpretação dos textos não era mais produzida pelo professor junto a seus alunos. As perguntas, já elaboradas nos livros, eram, em geral, tipo “cavalo branco”, de resposta óbvia, sem exigir nenhum tipo de reflexão. Havia o livro do professor, com as respostas às questões formuladas para que o professor que ingressasse no Magistério sem grande preparação prévia nem precisasse pensar. Era uma “parafernália didática” (GERALDI, 1997, p.93), que ia das respostas nos manuais do professor até vídeos destinados ao ensino de determinados tópicos.

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