como era formada a familia tradicional no mundo ocidental?
Soluções para a tarefa
É muito comum a discussão se o modelo tradicional e ocidental de
família é a mais adequada para a criação de filhos. Quando entra
em cena os casais homoafetivos, pais separados, avós, etc, essa
discussão torna-se ainda mais acalorada e divide opiniões. Não
tenho a pretensão de impor uma opinião valorativa a respeito,
antes, apresentar algumas reflexões iniciais, e em construção, em
torno do tema.
A fim de iniciar as reflexões pretendidas acredito que seja
importante pensarmos o que seria uma família nos moldes ocidentais
tradicionais. Os mais apressados diria que é um casal, composto por
pai e mãe e seu(s) filho(s). Essa definição não está errada, mas
creio ser insuficiente para o objetivo aqui proposto. O conceito de
família ocidental que temos está ligada a origem romana da palavra
de raiz osca “fam”, que no latim é “famel”,
que significa ao “pé da letra” escrava. Tal origem remete a
ideia de
que família está associada aos domésticos, na época
incluía-se aí os escravos, os quais vivem em um lar. Temos, então,
dois outros conceitos envolvidos: doméstico e lar.
A palavra doméstico estar associada à ideia de domesticar (da mesma
raiz), de impor controle, sanções e a “poda” da liberdade
individual em detrimento as regras estabelecidas pelo chefe da
família, outrora senhor. Os domésticos de hoje não são os
escravos de ontem, porém a domesticação é praticada via “educação
familiar”.
A palavra “lar” também tem origem romana. “Lares eram os
deuses da família […]. Os Lares de uma família eram as almas dos
antepassados, que velavam por seus descendentes” (BULFINCH, 2001).
Nota-se que existe na expressão um sentido claro reacionário,
onde os antepassados estão sempre presente. Em contrapartida, os
romanos acreditavam que os Lares estavam presentes no local onde se
acendia o fogo para cozinhar e aquecer a família, daí o temo
“lareira”. A lareira era o local de união dos membros do lar,
onde se conversava, se aquecia, se contava histórias, transmitia-se
ensinamentos, etc.
Exposto rapidamente e de forma simplória tais termos que cercam o
conceito de família resta-nos levantar algumas questões como ponto
de partida para uma reflexão: i) uma criança deve ser criada (outra
palavra que está ligada ao servo ou ao escravo) em uma família ou
em um lar? O que deve ser analisado é a capacidade de domesticar ou
de agregar em torno de uma lareira? Ou seja, o que importa mais seria
a existência de um modelo ocidental onde existe a figura do pai e da
mãe ou o que importa é a existência de momentos de “agrupamento”,
de conversas, de contar histórias, transmitia-se ensinamentos, etc.
ii) Toda família tradicional é um lar? Iii) existe lares, onde há
“calor” sem que exista a figura do pai ou da mãe ou dos dois?
Peço licença para expor uma breve opinião pessoal. Tenho visto
casa que não são lares. Famílias compostas por senhor e servos.
Por outro lado, avós que aquecem a “alma” de seus netos, ainda
que inexistentes a figura do pai e/ou da mãe. O que deve estar em
jogo é o modelo de família ou a sua qualidade e capacidade em dar a
criança um LAR? Casais homoafetivos, pais separados, avós, tios…
o que importa é de fato, em minha opinião, se tal grupo ou indivíduos possuem “lareira” a ofertar, ou seja, um local de união de seus membros, onde se
conversa, se conta histórias, transmitia-se ensinamentos, onde
olha-se nos olhos, rir-se juntos, sofre-se juntos, em fim, busca-se
aquecer o “coração” um do outro. Crianças precisam disso…
Referência