História, perguntado por diasnatalia3002, 1 ano atrás

Como era a vida da mulher russa antes da revolução russa?

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Respondido por StrakTag44
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Em menos de dez anos, a mulher russa conseguiu dar mais passos em direção a sua emancipação total do que todas as mulheres juntas em mais de 200 anos de luta. E isso só foi possível porque a revolução transformou as bases materiais, econômicas e estruturais que mantêm a opressão da mulher como parte indissolúvel do processo de exploração a que está sujeita a classe trabalhadora no mundo inteiro, dentro do modo de produção capitalista. Ao expropriar a burguesia e acabar com a propriedade privada da terra e de todos os meios de produção, a classe trabalhadora russa pôde liquidar de uma só vez os pilares fundamentais da opressão e da desigualdade da mulher e de todos os trabalhadores. Com isso, as mulheres tiveram possibilidades concretas de conquistar o fim da opressão e a igualdade com os homens, não apenas de direito, mas também de fato.

Em todos os sentidos, a opressão da mulher na Rússia era muito mais profunda do que é hoje nos países coloniais e semicoloniais. A Rússia era uma economia atrasada – em muitas regiões daquele imenso território subsistiam fortes resquícios de feudalismo e do modo de produção asiá­tico- , com uma estrutura social primitiva e um baixo nível cultural. Para a maioria das mulheres, isso significava a submissão total dentro da família camponesa, a completa falta de perspectiva futura fora da cozinha, e uma vida de sacrifícios indescritíveis. Para se ter uma idéia, às vésperas da revolução ainda subsistiam formas de poligamia e compra e venda de mulheres em várias regiões do país. Isso significava que o esforço para a emancipação das mulheres que a revolução socialista teve de despender partia de patamares muito mais baixos e o jovem estado operário teria de dar saltos enormes a fim de reparar injustiças e costumes milenares, arraigados até o âmago na sociedade russa.

Tudo isso parecia impossível. Mas uma revolução que não se propunha a fazer milagres e tampouco colocar a mulher e o homem em pé de igualdade da noite para o dia, teve de contar com o processo histórico. E a história mostra que um país atrasado assimila as conquistas materiais e ideológicas dos países adiantados, de um modo contraditório, e seu desenvolvimento conduz necessariamente a uma combinação original das diversas fases do processo histórico, em diferentes ritmos. Essa é a lei do desenvolvimento desigual e combinado, sem a qual não se compreende a história da Rússia.

Se a evolução econômica da Rússia, em conjunto, passou por cima de períodos do artesanato corporativo e da manufatura, muitos de seus ramos industriais pularam parcialmente alguma etapa da técnica, que exigiram, no Ocidente, dezenas de anos. Como conseqüência, a indústria russa desenvolveu-se em certos períodos com extrema rapidez, escreveu Trotsky. Assim, enquanto a agricultura camponesa, nas vésperas da Revolução, permanecia em sua maior parte nos níveis do século 17, a indústria russa, quanto à técnica e a estrutura capitalista, estava no mesmo nível dos países adiantados. O que dominava eram as empresas gigantes, com mais de mil operários cada uma, e a maioria da indústria pesada era controlada pelo capital estrangeiro.
Esse processo foi decisivo para as mulheres russas, porque ocorreu com elas o mesmo que ocorreu com as mulheres no restante da Europa, durante a revolução industrial: foram confiscadas pelo capital para trabalhar nas fábricas, para aumentar a produção das máquinas e a taxa de mais-valia do capitalista.

As mulheres russas eram superexploradas nas fábricas, como mão-de-obra barata. Não tinham direitos trabalhistas, cumpriam horas excessivas de trabalho nas máquinas, sem ter onde deixar os filhos, e depois que regressavam à casa ainda tinham uma outra jornada, nas tarefas domésticas. Além disso, suportavam a violência sexual e uma enorme carga de preconceito, advindo sobretudo do fato de que grande parte da classe operária russa era originária do campo. Os trabalhadores traziam consigo uma consciência machista e concepções religiosas sobre o papel subalterno da mulher. Essa ideologia machista era aproveitada pela burguesia russa para submeter as mulher es a uma exploração brutal, pagar-lhes salários bem inferiores aos dos homens e destinar a elas os trabalhos mais estafantes e embrutecedores.



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