Como era a vida da mulher russa antes da revolução russa?
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Em todos os sentidos, a opressão da mulher na Rússia era muito mais profunda do que é hoje nos países coloniais e semicoloniais. A Rússia era uma economia atrasada – em muitas regiões daquele imenso território subsistiam fortes resquícios de feudalismo e do modo de produção asiático- , com uma estrutura social primitiva e um baixo nível cultural. Para a maioria das mulheres, isso significava a submissão total dentro da família camponesa, a completa falta de perspectiva futura fora da cozinha, e uma vida de sacrifícios indescritíveis. Para se ter uma idéia, às vésperas da revolução ainda subsistiam formas de poligamia e compra e venda de mulheres em várias regiões do país. Isso significava que o esforço para a emancipação das mulheres que a revolução socialista teve de despender partia de patamares muito mais baixos e o jovem estado operário teria de dar saltos enormes a fim de reparar injustiças e costumes milenares, arraigados até o âmago na sociedade russa.
Tudo isso parecia impossível. Mas uma revolução que não se propunha a fazer milagres e tampouco colocar a mulher e o homem em pé de igualdade da noite para o dia, teve de contar com o processo histórico. E a história mostra que um país atrasado assimila as conquistas materiais e ideológicas dos países adiantados, de um modo contraditório, e seu desenvolvimento conduz necessariamente a uma combinação original das diversas fases do processo histórico, em diferentes ritmos. Essa é a lei do desenvolvimento desigual e combinado, sem a qual não se compreende a história da Rússia.
Se a evolução econômica da Rússia, em conjunto, passou por cima de
períodos do artesanato corporativo e da manufatura, muitos de seus ramos
industriais pularam parcialmente alguma etapa da técnica, que exigiram,
no Ocidente, dezenas de anos. Como conseqüência, a indústria russa
desenvolveu-se em certos períodos com extrema rapidez, escreveu
Trotsky. Assim, enquanto a agricultura camponesa, nas vésperas da
Revolução, permanecia em sua maior parte nos níveis do século 17, a
indústria russa, quanto à técnica e a estrutura capitalista, estava no
mesmo nível dos países adiantados. O que dominava eram as empresas
gigantes, com mais de mil operários cada uma, e a maioria da indústria
pesada era controlada pelo capital estrangeiro.
Esse processo foi decisivo para as mulheres russas, porque ocorreu com
elas o mesmo que ocorreu com as mulheres no restante da Europa, durante a
revolução industrial: foram confiscadas pelo capital para trabalhar nas
fábricas, para aumentar a produção das máquinas e a taxa de mais-valia
do capitalista.
As mulheres russas eram superexploradas nas fábricas, como mão-de-obra barata. Não tinham direitos trabalhistas, cumpriam horas excessivas de trabalho nas máquinas, sem ter onde deixar os filhos, e depois que regressavam à casa ainda tinham uma outra jornada, nas tarefas domésticas. Além disso, suportavam a violência sexual e uma enorme carga de preconceito, advindo sobretudo do fato de que grande parte da classe operária russa era originária do campo. Os trabalhadores traziam consigo uma consciência machista e concepções religiosas sobre o papel subalterno da mulher. Essa ideologia machista era aproveitada pela burguesia russa para submeter as mulher es a uma exploração brutal, pagar-lhes salários bem inferiores aos dos homens e destinar a elas os trabalhos mais estafantes e embrutecedores.