História, perguntado por geththx, 11 meses atrás

como era a situação da alemanha na década de 20?

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Respondido por lucyvivianepe2lrn
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Resposta:

A inflação na Alemanha, que havia escalado rapidamente durante a guerra e o período do imediato pós-guerra, começou a decolar durante 1922. Em janeiro de 1923, em retaliação ao não-pagamento de reparações pela Alemanha, forças francesas ocuparam o Ruhr, pondo em movimento uma crise política que continuaria até outubro.

Durante esse período a moeda alemã entrou em colapso de hiperinflação, causando a falência de seções inteiras das classes médias, mas beneficiando setores da indústria que foram capazes de liquidar suas dívidas. Não há duvidas de que já nos meses de verão, com o colapso do governo Cuno, derrubado por uma greve geral em Berlim, em agosto, a crise política assumia proporções revolucionárias.

O Partido Social-Democrata alemão e seus sindicatos filiados, que haviam fornecido a principal viga de sustentação à ordem capitalista no período do pós-guerra, rapidamente perdiam apoio dentro da classe trabalhadora para o Partido Comunista Alemão (KPD). Mas em nenhum estágio desse período o KPD avançou uma estratégia revolucionária pré-determinada e desenvolveu as táticas para implementá-la.

Nesse momento não nos cabe uma análise do papel do KPD. Basta dizer que seus problemas vieram de uma profunda e duradoura crise de direção que afligia o partido desde o assassinato de Rosa Luxemburgo em 1919. Os problemas do partido foram ainda mais exacerbados pelo início de um processo de degeneração política no Comintern, vinculado a crescentes ataques contra Trotsky vindos da burocracia que emergia sob a direção de Stalin.

A crise política na Alemanha chegou ao seu término em outubro, quando a liderança do KPD cancelou uma insurreição após sua proposta de uma greve geral não ter sido aceita por uma reunião de delegados sindicais e fabris em Chemnitz. A paralisia política do KPD foi depois resumida por Heinrich Brandler, dirigento do partido na época, que explicou que, embora não se opusesse às preparações para o levante de 1923, tampouco via “a situação como agudamente revolucionária.” [27]

As experiências da crise de janeiro-outubro prontificaram uma reavaliação nos círculos dirigentes, tanto na França quanto na Alemanha. A ocupação francesa do Ruhr havia sido impulsionada pelas sucessivas falhas da Alemanha em pagar reparações de guerra durante todo o ano de 1922. Mas a ocupação nada resolveu. Em vez de receber pagamentos adicionais, os franceses coletaram apenas $625.000 francos correspondentes a custos operacionais nos primeiros quatro meses de 1923, em comparação a $50 milhões no mesmo período de 1922. [28]

Para a burguesia alemã, a política de resistência passiva contra a ocupação francesa e a inflação da moeda apenas criaram uma crise política duradoura e aprofundada — com ameaças à estabilidade da ordem burguesa vindas da direita, na forma dos fascistas, e a ameaça mais séria da esquerda, na forma do KPD.

Uma virada tática foi feita por ambos os lados. O governo francês concordou com a mediação internacional para os pagamentos de reparação, de modo a alinhá-los com a capacidade da Alemanha em pagar, enquanto que as elites dominantes alemãs agiram para estabilizar a moeda e aceitar a obrigação de realizar pagamentos de reparação.

A erupção da crise de 1923 significou a exaustão das capacidades das classes dominantes europeias em organizar o restabelecimento político e econômico do continente no pós-guerra. Os antagonismos que levaram à guerra permaneceram, enquanto a turbulência econômica e política levava a confrontos com a classe trabalhadora que sustentadamente ameaçavam a estabilidade da ordem burguesa.

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