como era a amazônia a 12.000
Soluções para a tarefa
resposta:
Em quase 30 anos de estudo, o que a arqueologia mudou sobre a imagem que se tinha da Amazônia antes da chegada dos europeus?
O que aconteceu com essas oito milhões de pessoas?
Uma coisa que aconteceu em todo continente americano, não só na Amazônia e no Brasil, foi que, quando os europeus chegam aqui, eles trazem um monte de doenças, contra as quais as populações indígenas não tinham imunidade, vários tipos de gripe, sarampo, varíola. Havia doenças aqui, como tuberculose e sífilis, que são doenças americanas, mas muitas doenças, com catapora, não existiam aqui. Muitas dessas doenças são zoonoses, como gripe aviária, gripe suína. Aqui na América não tínhamos animais domesticados, ao contrário dos europeus que já tinham uma história de convivência com essas doenças. Quando eles vêm pra cá e trazem essas doenças, as populações que não tinham imunidade contra elas desaparecem rapidamente. A gente sabe que existiam redes de trocas conectando populações dispersas pela Amazônia. Quando os europeus entram, eles de alguma forma participam dessas redes de troca, e a partir daí vai ter o contágio antes mesmo do contato direto com os europeus. As doenças chegavam muito antes. Tiveram um impacto que está melhor documentado nas populações andinas, porque havia mais cronistas nos Andes do que na Amazônia, mas teve um impacto terrível nas populações indígenas.
A outra coisa é a própria questão da guerra e da escravidão. Os portugueses e os espanhóis chegam aqui com a mentalidade da Guerra da Reconquista da Península Ibérica do final da Idade Média. Muitos grupos desaparecem, exterminados pela guerra.
E a terceira coisa foi a escravidão. A atividade econômica mais importante na colônia era a escravidão indígena. Então o impacto dessas três coisas, da guerra, das doenças e da escravidão foi muito grande.
Qual impacto que essa população para a floresta? Elas tinham atividades sustentáveis ou causavam impactos grandes na floresta. Existe a hipótese de que, com o desaparecimento dessas populações, a floresta pode se recuperar, provocando uma grande absorção de carbono e interferido no clima global.
É uma hipótese bem interessante. Tem gente que correlaciona a Pequena Idade do Gelo, que aconteceu mais ou menos nessa época, no final da Idade Média, início da Idade Moderna, século XVI, à redução da emissão de gases de efeito estufa, porque teríamos menos fogo. Essa pessoas desaparecem, então param de fazer roça, param de queimar a floresta. Quando desaparecem essas populações indígenas, a floresta começa a crescer absorvendo esse gás carbônico que está na atmosfera, garantindo até um impacto no resfriamento da temperatura do planeta. É uma hipótese interessante.
O que temos de trabalho sobre fogo vem da periferia da Amazônia. Tem um trabalho que saiu de uma região de campos, no litoral da Guiana Francesa, não é da floresta, que mostra porém que o fogo aumenta depois que os europeus chegam. Antes havia técnicas de manejo, baseadas no manejo do fogo, que não deixavam vestígios de muito carvão encontrados nos depósitos. Quando os europeus chegam, aumenta muito mais a deposição de carvão. O que a gente está percebendo agora… estou abrindo um artigo que saiu com dados de Santarém. A gente tem registros de 4.500 anos nesse lago. Parece que nesse contexto, o uso do fogo é um uso mais controlado.
Então, as evidências arqueológicas não contribuem para a hipótese de que o esvaziamento da Amazônia tenha contribuído para a Pequena Idade do Gelo?
Acho que não. Eu penso que não. Tinha muita gente, tinha um efeito interessante de modificação da floresta, mas acho que o modelo que esses autores têm para fogo estão muito mais baseados nos padrões de uso de fogo atuais do que nos padrões antigos. Apesar de achar essa hipótese interessante, ela é contrária ao que defendo. Se a gente coloca a Amazônia numa escala global, não sei se temos evidências para apoiá-la.
Resposta:
Uma região com milhões de habitantes antes da chegada dos europeus.