como eliminar a
total dependência do petróleo?
Soluções para a tarefa
Esta semana, o núcleo Brasil Sustentável e Alternativas à Globalização, da Fase, e a rede internacional Oilwatch organizaram um encontro internacional no Rio de Janeiro sobre petróleo e integração regional sul-americana. Com participação de entidades do Equador, Bolívia, Colômbia, Argentina, Costa Rica, Nigéria e Tailândia, além de uma série de organizações brasileiras, o encontro foi um momento de discussão sobre os rumos da política energética no mundo. Com enfoque na questão dos impactos e injustiças promovidas ao longo da cadeia de produção e consumo de petróleo.
A iniciativa deste encontro no Brasil se relaciona com o fato de que hoje o país está investindo pesadamente em infra-estrutura, ampliando sua demanda por energia e aumentando o consumo de petróleo. Paralelamente, a Petrobras anuncia grandes descobertas de jazidas, enquanto se expande pelo mundo e se torna um agente da política externa brasileira. Outro fator que justifica o debate neste momento é que os países da América do Sul promovem um inédito processo de integração regional que, se por um lado tem grandes potencialidades, também apresenta grandes riscos. Um deles é claramente ligado à exploração de recursos naturais e os impactos que isso poderá ter, de forma ampliada, sobre os povos e a natureza da região.
Assim, o encontro realizado no Rio de Janeiro tentou realizar uma avaliação do panorama nacional e regional das atividades de petróleo e gás. Naturalmente, esta avaliação tem vistas à construção de modelos alternativos para a produção de energia nos países da região, o que sempre deverá se refletir em uma integração regional com diferenças daquela proposta pelos Estados. Outro objetivo do encontro era o de reunir grupos locais que enfrentam situações de conflito ambiental relativos à produção de petróleo e gás, a fim de pensar juntos novas estratégias de combate ao impacto desta atividade, com ênfase na sua mais que óbvia relação com as mudanças climáticas que nos afetam a todos.
Esta edição do Fase Notícias traz um pouco deste debate. Tratar de exploração de petróleo não significa falar somente de uma atividade que se impõe com força excessiva aos territórios e às populações, embora isso seja uma verdade inegável. Não significa tratar apenas dos típicos acidentes e vazamentos que ceifam vidas humanas e animais, além de poluir em grande quantidade vastas áreas do planeta. Falar de petróleo e gás significa acima de tudo propor uma forma diferente de encarar a vida cotidiana como nós a entendemos. É propor uma reflexão sobre a possibilidade real de vivermos com menor dependência deste minério que transformas relações econômicas em hegemonias, controles e tensões internacionais. É pensar que reduzir esta dependência, aceitando certas mudanças em nosso dia a dia, pode trazer saúde e bem estar a mais pessoas, e menos pressão sobre aqueles que sofrem injustiças gritantes pelo simples fato de que estavam no caminho da insaciável corrida por mais e mais combustível.