como é possível haver níveis de democracia?
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A pergunta mais adequada é não como é possível, mas sim por que há níveis de democracia. Afinal, há regimes que se definem como democráticos em que apenas uma parcela dos funcionários públicos são eleitos pelo povo, e isso não causa estranheza senão a um democrata de milênios atrás.
Então, por que há níveis de democracia? Por que não podemos eleger pessoas para todos os cargos públicos concebíveis? Ora, imaginemos o caos se um país de dimensões continentais como o Brasil decidisse que cada professor, policial, juiz e assessor necessitasse de aprovação popular para trabalhar. A verdade é que o processo democrático, além de inevitavelmente controverso e apaixonado, seria caro e difícil de manter, caso estendido para todos os aspectos da sociedade.
Posta de lado essa ideia absurda, resta-nos compreender por que, por exemplo, em monarquias constitucionais, o primeiro-ministro é escolhido pelo parlamento. Hemos então de considerar fatores históricos que trazem países ao comando desses regimes que provaram que, para que os reis melhor governem e os legisladores melhor administrem, é necessário que o poder de escolha do primeiro-ministro seja passado para os parlamentares, estes sim eleitos pelo povo.
Esse último tipo de nível democrático remete à ideia de João Camilo Torres que em sua obra, "A Democracia Coroada", diz haver, nos sistemas democráticos, delegação e representação. Delegação é o poder essencial conferido ao povo para que todo o governo funcione, o sentimento de pertença ao Estado que permite que todos os órgãos trabalhem idealmente, enquanto representação é uma extensão que, visando amparar as dificuldades e carências de tal sistema em um vasto país, permite que, por exemplo, um primeiro-ministro seja escolhido pelos representantes do povo.