como é possível fazer com que haja menos desigualdade social no Brasil
Soluções para a tarefa
Por onde começar a diminuição da desigualdade social (ou como arranjar recursos baratos para financiar o estado)
O mantra repetido pelo governo federal é que os direitos dos mais pobres são caros demais e sua manutenção traz problemas para a gestão do Estado. Esse diagnóstico faz com que todas as propostas econômicas tenham o sentido de diminuir os direitos, seja previdenciários, sejam políticas sociais. Esse discurso, que parecia ultrapassado no início desta década, volta como se o único problema do Brasil fossem os direitos dos brasileiros.
Mesmo nos principais círculos de debate econômico, como o fórum econômico mundial em Davos, a presidente do Fundo Monetário Internacional (instituição que pode ser classificada como várias coisas menos como de esquerda) Cristine Lagarde toma partido dos pobres brasileiros afirmando que “Não sei por que as pessoas não escutaram a mensagem [de que a desigualdade é nociva], mas certamente os economistas se revoltaram e disseram que não era problema deles. Inclusive na minha própria instituição, que agora se converteu para aceitar a importância da desigualdade social e a necessidade de estudá-la e promover políticas em resposta a ela”, contrariando o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre as prioridades do governo. Para o ministro brasileiro, a prioridade deveria ser a sanidade fiscal. O puxão de orelha no ministro brasileiro pode ter sido muito oportuno, porque o Ministério da Fazenda pode contribuir muito para a diminuição da desigualdade.
Ao analisar os dados sobre as declarações de imposto de renda brasileiras, é possível perceber que Meirelles tem muito o que contribuir para a igualdade social, principalmente no que tange ao financiamento do Estado, caso resolva cobrar dos ricos o mesmo tanto de impostos que cobra da classe média. Os dados de 2015, exercício de 2014, apontam que os brasileiros com renda superior a R$ 20 mil tem em média 35,9% de sua renda isenta de impostos e contribui para a previdência com (ínfimos) 0,15% de seus rendimentos para a previdência. Para as faixas de renda mais baixas, os valores são de 25,8% para rendimentos isentos (e isso porque até 5 salários mínimos, ou R$ 2.172 da época, tinham 47,8% de rendas isentas) e 9,4% de contribuição para a previdência.