Como e o desenvolvimento do projeto genoma no Brasil?
Soluções para a tarefa
O grande carro-chefe do estudo de genomas foi o seqüenciamento do DNA humano. Paralelamente a ele, milhares de outros organismos também estão sendo ou foram estudados por pesquisadores de uma série de países. Hoje, o Brasil já ocupa lugar de destaque ao lado dos Estados Unidos, França e Japão no trabalho de análise de mapeamento genético.
A exemplo do que é feito em outros países, o Brasil tem colocado seus laboratórios e centros de pesquisa ligados através de uma rede virtual para a troca de dados, informações, compartilhamento e divisão de tarefas.
A primeira experiência muito bem-sucedida do país nessa área foi com o estudo da Xylella, que causa uma doença chamada "amarelinho" na plantação de cítricos. Este foi o primeiro seqüenciamento de genoma concluído por cientistas brasileiros. O trabalho teve início em 1988, foi feito pela rede ONSA (sigla em inglês para Organização para Sequenciamento e Análise de Nucleotídeos) da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo), e coordenado pelo professor Andrew Simpson, do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, com participação das biólogas Mariana Cabral de Oliveira e Marie-Anne Van Sluys, do Laboratório de Biologia Molecular de Plantas do Instituto de Biociências da USP e do professor João Setúbal, da Unicamp. O custo foi de US$ 13 milhões.
A Xylella é transmitida por um inseto hospedeiro e pode bloquear os vasos que transportam água e sais pela planta, que fica doente e pode chegar a morrer. Essa espécie tem diversas linhagens e a conhecida como "do amarelinho" é comum nas plantações de cítricos no Brasil, em especial nos laranjais, o que pode acarretar um prejuízo enorme para produtores e exportadores.
Com o fim deste seqüenciamento, o departamento de Agricultura do governo americano encomendou à mesma equipe brasileira o estudo do genoma de outra linhagem da mesma bactéria, a Xylella fastidiosa, que ataca as uvas da Califórnia e causa uma doença chamada "Pierce". O trabalho foi encerrado em 2003 e levou dois anos para ficar pronto, embora 95% dele tenha sido realizado em três meses. O tempo restante foi necessário para os outros 5% mais difíceis de seqüenciar.
O mesmo laboratório está envolvido ainda em outros dois projetos junto com os Estados Unidos. "O Brasil está muito bem nessa área de pesquisa. Nosso trabalho é comparado ao de países desenvolvidos. E, na América Latina, é o único que já realizou o seqüenciamento de um genoma", afirma a bióloga Mariana.