como e o cotidiano dos aruaques ?
Soluções para a tarefa
Respondido por
2
As tradições, geralmente conhecidas no alto rio Negro por “Yurupary”,
têm atraído a atenção de estudiosos desde o final do século XIX, quando o
Conde Ermanno Stradelli publicou sua interpretação poética dessas tradições
com base em manuscritos obtidos entre os Manao, Tariano, Baré e outros
povos do alto rio Negro e da região do rio Uaupés, no Brasil. O termo “Yuru-
pary” vem da língua geral, uma língua franca introduzida por missionários
colonialistas pioneiros, para se referir a um “diabo” dos índios, em oposição
a “Tupã”, o deus tupi do trovão, e ao deus cristão. Tanto “Yurupary” quanto
“Tupā” ainda são termos amplamente utilizados no noroeste da Amazônia,
como nomes globalizantes que substituem as divindades específicas e os
grandes espíritos de 22 grupos étnicos que povoam a região. Evitou-se
o termo “Yurupary” aqui por ser uma imposição colonial, confundindo
múltiplas tradições distintas em uma e, ao assim fazer, desrespeitando a
riqueza e a diversidade entre as tradições locais. Para os povos falantes de
aruaque da região, as tradições de Kuwai (e as variações do nome, como
Kue, Kuwaiwa, Chuway, Cueti e Kuwe) tinham tanta importância quanto os
He massa, Miñapõrã mahsã e muitos outros tiveram para os povos falantes
de tukano oriental.
Os primeiros estudos etnológicos extensos das culturas tukanas orien-
tais foram feitos por Reichel-Dolmatoff (1971, 1985 1996), e por Christine
e Stephen Hugh-Jones (1979, 1979). Em seu artigo de 1985, Reichel-
-Dolmatoff argumentou que as flautas e as trombetas sagradas Yurupary,
a materialização de um demiurgo extraordinário que, sob muitos aspectos,
representou o mundo natural, atualmente têm papel ativo na reprodução da
vida. A reprodução biológica das espécies naturais (flora e fauna), segundo
Reichel-Dolmatoff, serve como metáfora, na visão indígena, da humana. Já
aquela que se dá na natureza é um modelo segundo o qual os seres humanos
refletem sobre sua própria reprodução biológica e social.
Em sua análise de 1996 sobre o mito de Yurupary, Reichel-Dolmatoff
se concentra exclusivamente nos relatos dos Tukano orientais, que são
bem diferentes, em certos aspectos (que serão discutidos neste artigo),
das culturas aruaque setentrionais de Kuwai.
1
Reichel-Dolmatoff analisou
Yurupary apenas como flautas e trombetas sagradas e sua relação com a
“lei da exogamia”.
Para os povos falantes de aruaque setentrional, a narrativa sobre Kuwai
é muito mais do que uma história de exogamia. O corpo de Kuwai consistia
tanto de canções (melodias produzidas através dos poros e das aberturas
de seu corpo) quanto de doenças
têm atraído a atenção de estudiosos desde o final do século XIX, quando o
Conde Ermanno Stradelli publicou sua interpretação poética dessas tradições
com base em manuscritos obtidos entre os Manao, Tariano, Baré e outros
povos do alto rio Negro e da região do rio Uaupés, no Brasil. O termo “Yuru-
pary” vem da língua geral, uma língua franca introduzida por missionários
colonialistas pioneiros, para se referir a um “diabo” dos índios, em oposição
a “Tupã”, o deus tupi do trovão, e ao deus cristão. Tanto “Yurupary” quanto
“Tupā” ainda são termos amplamente utilizados no noroeste da Amazônia,
como nomes globalizantes que substituem as divindades específicas e os
grandes espíritos de 22 grupos étnicos que povoam a região. Evitou-se
o termo “Yurupary” aqui por ser uma imposição colonial, confundindo
múltiplas tradições distintas em uma e, ao assim fazer, desrespeitando a
riqueza e a diversidade entre as tradições locais. Para os povos falantes de
aruaque da região, as tradições de Kuwai (e as variações do nome, como
Kue, Kuwaiwa, Chuway, Cueti e Kuwe) tinham tanta importância quanto os
He massa, Miñapõrã mahsã e muitos outros tiveram para os povos falantes
de tukano oriental.
Os primeiros estudos etnológicos extensos das culturas tukanas orien-
tais foram feitos por Reichel-Dolmatoff (1971, 1985 1996), e por Christine
e Stephen Hugh-Jones (1979, 1979). Em seu artigo de 1985, Reichel-
-Dolmatoff argumentou que as flautas e as trombetas sagradas Yurupary,
a materialização de um demiurgo extraordinário que, sob muitos aspectos,
representou o mundo natural, atualmente têm papel ativo na reprodução da
vida. A reprodução biológica das espécies naturais (flora e fauna), segundo
Reichel-Dolmatoff, serve como metáfora, na visão indígena, da humana. Já
aquela que se dá na natureza é um modelo segundo o qual os seres humanos
refletem sobre sua própria reprodução biológica e social.
Em sua análise de 1996 sobre o mito de Yurupary, Reichel-Dolmatoff
se concentra exclusivamente nos relatos dos Tukano orientais, que são
bem diferentes, em certos aspectos (que serão discutidos neste artigo),
das culturas aruaque setentrionais de Kuwai.
1
Reichel-Dolmatoff analisou
Yurupary apenas como flautas e trombetas sagradas e sua relação com a
“lei da exogamia”.
Para os povos falantes de aruaque setentrional, a narrativa sobre Kuwai
é muito mais do que uma história de exogamia. O corpo de Kuwai consistia
tanto de canções (melodias produzidas através dos poros e das aberturas
de seu corpo) quanto de doenças
Perguntas interessantes
Inglês,
7 meses atrás
Geografia,
7 meses atrás
Sociologia,
11 meses atrás
Matemática,
11 meses atrás
História,
1 ano atrás
História,
1 ano atrás