Como as quermesses eram anuais, elas só se falavam uma vez por ano, e sempre pelo alto-falante. Quando finalmente se aproximavam, eram mais dois anos de namoro e um de noivado, e só na noite de núpcias, imagino, ficavam íntimos, e mesmo assim acho que o vovô dizia: "Com licença" Na geração seguinte, o homem pedia a mulher em namoro, depois pedia em noivado, depois pedia em casamento, e, quando finalmente podia dormir com ela, era como chegar no guichê certo depois de preencher todas as formalidades, reconhecer todas as firmas e esperar que chamassem a sua senha. Durante o namoro, ele mandava poemas, o que sempre funcionava, e muitas mulheres de uma certa época, para serem justas, deveriam ter casado com Vinícius de Morais.
As pessoas dizem que houve uma revolução sexual. O que houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução. No tempo das cavernas, o macho abordava a fêmea, grunhia alguma coisa e a levava para a cama, ou para o mato. Com o tempo, desenvolveram-se a corte, a etiqueta da conquista, todo o ritual de aproximação que chegou a exageros de regras e restrições, e depois foi se abreviando aos poucos até voltarmos, hoje, ao grunhido básico, só que eletrônico. Fechou-se o ciclo.
A corte, claro, tinha sua justificativa. Dava à mulher a oportunidade de cumprir seu papel na evolução, selecionando para procriação aqueles machos que, durante a aproximação, mostravam ter aptidões que favoreceriam a espécie, como potência física ou econômica, ou até um gosto por Vinícius de Morais. Isso quando podiam selecionar e a escolha não era feita por elas. No futuro, quando todo namoro for pela Internet, todo sexo for virtual e as mulheres ou os homens, nunca se sabe, só derem à luz bytes, o único critério para seleção será ter um computador com modem e um bom provedor de linha.
Talvez toda a comunicação futura seja por computador. Até dentro de casa. Será como se os nossos namorados da quermesse levassem os alto-falantes para dentro de casa. Na mesa do café, marido e mulher, em vez de falar, digitarão seus diálogos, cada um no seu terminal. E, quando sentirem falta de palavra falada e do calor da voz, quando decidirem que só frases soltas numa tela não bastam e quiserem se comunicar mesmo, como no passado, cada um pegará seu celular.
Não sei o que será da espécie. Tenho uma visão do futuro em que viveremos todos no ciberespaço, volatizados. Só nossos corpos ficarão na Terra porque alguém tem que manejar o teclado e o mouse e pagar a conta da luz.
(VERÍSSIMO, Luís Fernando. O Estado de São Paulo On line, 12/10/97 )
O sentido de “Ouvi dizer que é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem pela Internet e acabam casando ou vivendo juntas uma semana depois.” – 1º parágrafo – conserva-se o mesmo em:
Escolha uma:
a. Ouvi dizer que, pela Internet, é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem e acabam casando ou, uma semana depois, vivendo juntas.
b. Ouvi dizer, pela Internet, que é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem e, uma semana depois, acabam casando ou vivendo juntas.
c. Ouvi dizer que é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem e, uma semana depois, pela Internet, acabam casando ou vivendo juntas
d. É certo afirmar que todos que se conhecem pela internet são verdadeiramente felizes.
e. Ouvi dizer que , pela Internet, é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem e, uma semana depois, acabam casando ou vivendo juntas.
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Vamos analisar cada alternativa da questão por vez para determinar a resposta correta:
a) Falsa. A posição das vírgulas da frase destaca um prazo mínimo para o casal passar a viver junto, o que não aparece na frase original.
b) Falsa. Novamente, a posição das vírgulas da frase destaca o prazo para o casal viver junto.
c) Falsa. Além de destacar o prazo, a frase agora chama atenção para o meio que a união é feita.
d) Falsa. Nada disso é indicado na frase original.
e) Verdadeira. O sentido das frases é igual.
Como apenas a alternativa e é verdadeira, trata-se da resposta correta da questão.
a) Falsa. A posição das vírgulas da frase destaca um prazo mínimo para o casal passar a viver junto, o que não aparece na frase original.
b) Falsa. Novamente, a posição das vírgulas da frase destaca o prazo para o casal viver junto.
c) Falsa. Além de destacar o prazo, a frase agora chama atenção para o meio que a união é feita.
d) Falsa. Nada disso é indicado na frase original.
e) Verdadeira. O sentido das frases é igual.
Como apenas a alternativa e é verdadeira, trata-se da resposta correta da questão.
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