como aconteceu o massacre de Alto Alegre
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Há exatamente cem anos, uma rebelião de índios guajajara, no município de Barra do Corda, resultou no maior massacre de índios contra brancos da história do Brasil. Além dos religiosos italianos - quatro padres e sete freiras capuchinhas - que, cinco anos antes, haviam fundado a Colônia de São José da Providência do Alto Alegre, foram também mortos pelos índios as adolescentes de Barra do Corda e Grajaú que participavam do internato de meninas índias - cerca de 40 -, os lavradores que moravam no povoado e os agricultores das vizinhanças, também surpreendidos pelos ataques. Os guajajara mataram aproximadamente 200 pessoas. Na opinião de estudiosos, a rebelião foi uma reação dos guajajara contra o equivocado processo de evangelização e civilização dos missionários capuchinhos, que exigia o afastamento das crianças das aldeias. "Era uma violência", diz o antropólogo Mércio Pereira Gomes, que está publicando o livro Tenetehara: o índio na História, estudo sobre os guajajaras desde o seu primeiro contato com o colonizador, no século XVI. Na época, o massacre repercutiu em todo o Brasil e foi considerado pelo Papa Leão XIII como “as primícias do século XX”. Maior tribo do Maranhão, com mais de 11 mil índios, os guajajara são ainda hoje, em consequência do episódio, tratados com desconfiança e menosprezo pelas populações dos dois municípios. Os capuchinhos, que no final dos anos 50 tentaram retomar o trabalho missionário em Alto Alegre, desistiram duas décadas depois. Pressionados pelos índios, tiveram que abandonar definitivamente o povoado, em torno do qual foi formada nova aldeia indígena. Para evitar o acirramento dos ânimos, os religiosos, que hoje mantêm um relacionamento cordial com os índios a partir de suas paróquias de Barra do Corda e Grajaú, evitam falar sobre o massacre de 1901. A lembrança daqueles fatos vai limitar-se à celebração de uma missa, hoje, na igreja matriz de Barra do Corda, à qual deverão comparecer lideranças guajajara. A convite de O ESTADO, o jornalista Antonio Carlos Lima, que durante alguns anos conviveu em Barra do Corda com frades capuchinhos e índios guajajara, reconstituiu o episódio e a época em que ocorreu - a virada do século.
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