Como a vacina RNA mensageiro,
contra a covid19 realmente funciona?
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Resposta:
A Vacina de mRNA, ou RNA Mensageiro é uma molécula que é a base de um dos mais avançados e promissores métodos de produção de vacinas, e está anos-luz adiante de Edward Jenner, que em 1796 inoculou um garoto de oito anos com varíola bovina, criando a primeira vacina.
Explicação:
A Vacina de mRNA
OK, estamos chegando lá.
Em nossas células a informação genética está no DNA, que se concentra no núcleo. Essa informação é usada para criar proteínas, mas como fazer essa informação chegar nos ribossomos, os órgãos celulares responsáveis pela síntese proteica.
Como arrancar um pedaço do DNA não seria uma boa ideia, a Evolução inventou um jeito melhor: Uma enzima chamada RNA Polimerase gera uma cópia da sequência de DNA relativa à proteína a ser produzida. Essa cópia é transcrita em RNA, que é expelida pelo núcleo e eventualmente capturada por um ribossomo. Essa sequência de RNA que leva a informação genética a ser replicada é chama de RNA Mensageiro, ou mRNA, entendeu? Humm? Sacou?
A vacina de mRNA sequestra esse mecanismo, injetando na célula sequências de mRNA programadas para gerar proteínas existentes nos vírus, usando as próprias células do cidadão para produzir os antígenos, ao invés de depender de produção externa.
É uma técnica que foi imaginada em 1990, mas só começou a ser pesquisada a sério em 2010, com a criação da ModeRNA Therapeutics, que conseguiu um investimento considerável e tentou desenvolver vários tratamentos genéticos, até se concentrar nas vacinas de mRNA.
Uma das grandes dificuldades é que o mRNA da vacina está fora das células, e ele é muito, muito frágil, nem pense em errar seus pronomes. Existem várias estratégias para introduzir o mRNA nas células. Algumas usam vírus modificados, outras injetam o mRNA em um nódulo linfático, contando que uma boa parte vai sobreviver o suficiente para ser capturado por uma célula.
A estratégia da Moderna é uma nanopartícula de lipídios, que protegem o mRNA por tempo suficiente para ele ser absorvido.
Ironicamente a vacina de mRNA é bem mais simples de ser produzida em massa, mas em compensação ela é extremamente frágil. A vacina da ModeRNA precisa ser armazenada a temperaturas de -70°C.
A Pfeizer por sua vez desenvolveu uma vacina de mRNA que pode ser armazenada a -2°C, mas isso pode significar apenas que a ModeRNA não certificou sua vacina para temperaturas mais altas, para não perder tempo.
As vacinas de mRNA são uma tecnologia muito nova, em medicina demora-se muito para aprovar novos tratamentos, para evitar problemas. No momento não há nenhuma vacina de mRNA aprovada para uso em humanos.
Como a tecnologia já vinha sendo usada em outros tratamentos, foi dada a permissão de testes da vacina contra o SARS-COV-2, e compreensivelmente em tempos de crise as regras de segurança são afrouxadas. Todos os testes preliminares mostram que a decisão foi correta, agora ambas as vacinas estão fase final de testes, a Fase III.
No total temos 23 vacinas em desenvolvimento em fases de testes clínicos, 6 delas usando tecnologia de mRNA. Não é uma competição, pois quanto mais vacinas, melhor. Mais chance de resistirem a mutações do vírus, mais gente produzindo e distribuindo as doses.
Principalmente, essa pandemia pode ser o chute no traseiro que a gente precisava, amadurecendo a tecnologia de vacina de mRNA e abrindo caminho para mais, melhores e mais baratas vacinas para outras doenças.
A Humanidade se viu ameaçada, mas a Ciência não ficou parada. Estamos na reta final para várias vacinas contra o COVID-19, com eficácia acima de 90%. Um ano atrás eu disse: Confie na Ciência. Ela funciona. Bitches.