História, perguntado por wiillianalmeiida, 8 meses atrás

como a Sociologia podem ajudar no trabalho do historiador.

Soluções para a tarefa

Respondido por doispause
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Resposta:

s historiadores e os sociólogos poderiam retirar de uma íntima relação entre as suas disciplinas? De que forma História e Sociologia podem se articular para, ao mesmo tempo, produzir um tipo de conhecimento que não se limite a retratar o contingente e que não produza generalizações abstratas? Que tipo de conhecimento resultaria de uma articulação entre essas duas disciplinas? São essas questões que Elisa Pereira Reis, professora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, procura responder em seu trabalho.

O livro, como informa a autora, é composto por vários artigos escritos em momentos diferentes de sua carreira de pesquisadora e professora e que trafegam na fronteira da Sociologia e da Ciência Política. Apesar da grande diversidade de temas tratados e dos momentos distintos em que os textos foram escritos, o livro tem uma relativa unidade. Há em parte significativa dos seus capítulos uma preocupação em responder as questões citadas no parágrafo acima. A unidade do livro reside, mais especificamente, em dois pontos.

Primeiro, Reis se propõe a pensar os processos históricos como frutos da conjugação entre determinações estruturais e escolhas contingentes. Assim, para a autora, "constrangimentos estruturais, por um lado, e opções históricas, por outro, são os dois termos gerais que permitem conceber uma articulação entre pressupostos epistemológicos fatalistas e voluntaristas, assim como entre premissas coletivistas e individualistas" (p. 7). Trata-se, ao meu ver, de uma postura teórico-metodológica produtiva na medida em que evita o exagero de se enfatizar uma dimensão dos fenômenos sociais em detrimento de outra, exagero tão recorrente nas Ciências Sociais. A autora recusa, dessa forma, a oposição estéril entre estrutura e ação, entre constrangimentos objetivos e escolhas contingentes, optando, ao contrário, por um tipo de abordagem que se preocupa em pensar a articulação entre ambos como o caminho mais fértil para se explicar acontecimentos históricos1.

Mas como realizar teoricamente essa articulação? Aqui encontramos o segundo ponto sobre o qual reside a unidade do livro em questão. A autora propõe que o melhor caminho para se compreender os fenômenos sócio-históricos está em promover uma articulação permanente entre teoria sociológica e história, entre generalização e singularidade. Essa conjugação entre sociologia e história é positiva exatamente em função de sua "tolerância analítica que faz do diálogo entre parâmetros estruturais e escolhas individuais a senha da relevância da explicação" (p. 8). Contudo, o fato de tal articulação ser benéfica para o conhecimento nas ciências sociais, não quer dizer que ela tenha sido, até agora, resolvida de forma satisfatória na teoria sociológica clássica ou contemporânea. Por exemplo, segundo a autora, na obra de Weber, representante clássico dessa perspectiva que visa conjugar trabalho de elaboração conceitual e história comparada, "é mais fácil entender determinações estruturais e escolhas individuais como explicações paralelas que integradas. Da mesma forma, os exercícios teóricos sintéticos contemporâneos são mais convincentes como pluralismo analítico que como sínteses lógicas" (p. 8).

Como se vê, o objetivo da autora é ambicioso. De um lado, constata-se a vantagem explicativa do método que articula determinações estruturais e ações contingentes, o que, por sua vez, deve ser feito através de uma articulação entre sociologia e história; por outro lado, constata-se que nem a sociologia clássica nem a contemporânea realizaram tal tarefa a contento. O objetivo geral do livro parece-me ser, portanto – em meio aos vários objetivos particulares dos diversos capítulos –, dar uma contribuição a essa questão teórico-metodológica2. Isso, por si só, já faz do livro de Reis um acontecimento a ser comemorado. Como já foi dito uma vez, sobretudo na Ciência Política brasileira tem predominado uma tendência a se "contar" a história, perdendo-se de vista a "explicação" como o objetivo máximo do cientista social. Assim, a ênfase na busca de generalizações historicamente embasadas é algo certamente louvável. Nesse sentido, um dos objetivos dessa resenha, além de apresentar ao leitor uma breve descrição do conteúdo de cada um dos capítulos que compõem o livro, é ver em que medida a autora cumpre esse que nos parece ser o seu objetivo maior. Ou seja, trata-se de saber se Reis consegue, nas suas análises subseqüentes, elaborar de fato uma articulação entre sociologia e história, entre estrutura e contingência, superando o tratamento dessas duas dimensões como linhas paralelas de argumentação, ou se tal articulação permanece, nos seus textos, apenas uma palavra de ordem teórica.

Explicação:

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