Sociologia, perguntado por lety68962, 10 meses atrás


como a sociologia pode contribuir com os estudos de uma pandemia?

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Respondido por brunnnoooo
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Resposta:

tualmente, para se caracterizar a pandemia causada pela dispersão global do novo coronavírus SARS–CoV-2 (causador da doença chamada COVID–19), tanto na ciência quanto na mídia, o termo “peste” não é utilizado. Isso mostra um avanço civilizatório. Afinal, a linguagem não é apenas um instrumento para descrever o mundo, mas também para criá-lo.

Herdeiro de uma visão religiosa e derivado da lógica das “pragas” enviadas por um deus, o termo peste evoca a noção de uma doença genérica decorrente de um castigo divino; é um tipo de punição pelo desrespeito ou teimosia humana frente às ordens de uma poderosa entidade sobrenatural e que atinge toda uma população (Delumeau, 1993). Por seu caráter místico, a palavra peste carrega em si a violência de uma vingança desmedida e o sofrimento de uma condenação. Não foi por acaso que, no início da AIDS na década de 80 do século XX, ela foi chamada de “peste gay”, por certos grupos religiosos (Duby, 1999).

Além disso, “peste” também supõe algo que se determina no plano divino e que, depois de decidido, torna-se tanto inevitável de acontecer quanto impossível de parar. Assim, a peste é um acontecimento que deixa o ser humano sem ter como se proteger. É por isso que durante o processo de mudança epistemológica que moldou a ciência moderna, o termo peste foi gradualmente substituído por endemia, epidemia ou pandemia de acordo com sua localização, duração e/ou alcance. Ocorre então a alteração da visão de um castigo coletivo e inevitável, para um problema público teoricamente previsível, evitável e tratável. A morte coletiva deixa de ser vista como um destino e passa a ser encarada como um desafio sanitário e populacional que pode ser superado.

Apesar desta mudança importante nos campos epistemológico e linguístico, que tem como pressuposto a noção de agência humana com sua capacidade de prever e atuar antes e depois de uma crise gerada por agentes patógenos, isso não significa que outros elementos das dinâmicas sociais estejam excluídos de interferir nos modelos de saúde pública

Explicação:

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