como a burguesia russa reagiu quando o partido bolchevique tomou o poder?
Soluções para a tarefa
pessoas. Sokhanov, que não encontra bastantes palavras para condenar «o sangue e a lama» das jornadas de Julho, escreve portanto: «independentemente dos resultados políticos, só se podia considerar com admiração esse espantoso movimento das massas populares. Não se podiam, mesmo julgando nefasto, entusiasmar diante da amplitude gigantesca dos elementos desencadeados.» Segundo os cálculos da comissão de inquérito, houve vinte e nove mortos, cento e quatorze feridos, aproximadamente a igualdade dum lado e de outro.
Que o movimento tenha começado a partir de baixo, independentemente dos bolcheviques, numa certa medida contra eles, foi, nas primeiras horas, confessado pelos próprios conciliadores. Mas já pela noite do 3 de Julho, e mais particularmente no dia seguinte, a apreciação oficial modificou-se. Declarou-se que o movimento é uma insurreição onde os bolcheviques são os organizadores. «Sob a palavra de ordem: «Todo o poder aos sovietes» — escrevia logo Stankevitch, próximo de Kerensky — produzia-se formalmente uma insurreição dos bolcheviques contra a maioria soviética de então, composta dos partidos da defesa nacional.» A acusação de ter fomentado um levantamento não é somente um procedimento de luta política: essa gente, no corrente de Junho, convencera-se demasiado da força da influência dos bolcheviques sobre as massas e, agora, recusavam simplesmente em acreditar que o movimento dos operários e dos soldados tivesse podido cair sobre a cabeça dos bolcheviques. Trotsky tentou dar uma explicação na sessão do comité executivo: «Acusam-nos de criar a opinião das massas; não é verdade, tentamos somente formulá-la.»
Nos livros que foram publicados pelos adversários após a insurreição de Outubro, nomeadamente por Sokhanov, pode-se encontrar esta afirmação segundo a qual os bolcheviques teriam, unicamente no seguimento da derrota do levantamento de Julho, dissimulado o seu verdadeiro objectivo, alegando o movimento espontâneo das massas. Mas pode-se esconder, como um tesouro, um plano de insurreição armada arrastando do seu remoinho centenas de milhar de homens? Será que na véspera de Outubro, os bolcheviques não se encontraram forçados em chamar abertamente à insurreição e de se preparar para isso à vista de toda a gente? Se alguém não descobriu um plano em Julho, é porque simplesmente ele não existia.
A irrupção das metralhadoras e dos marinheiros de Cronstadt na fortaleza de Pedro e Paulo, com o consentimento da guarnição permanente (sobretudo sobre esta «incursão» que se acalmariam os conciliadores!), não foi de forma nenhuma o acto de insurreição armada. O edifício situado numa pequena ilha – mais prisão do que posição militar – podia ainda na realidade servir de refúgio a gente recuando, mas não dava nada para uma ofensiva. Procurando ganhar o palácio de Tauride, os manifestantes desfilavam com indiferença diante dos mais importantes edifícios governamentais, para a ocupação dos quais bastava um destacamento dos guardas vermelho de Potilov. A fortaleza Pedro e Paulo foi tomada pelos manifestantes logo que eles se apoderaram das ruas, de diversos posto, das praças. Houve um estímulo a mais no facto que o palácio Kczesinska, encontrando-se na vizinhança, podia ser socorrido pela fortaleza em caso de perigo.