Comente sobre a questão agrária na região norte / alguém me ajudaaa
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Resposta:
Região amazônica concentra assentamentos sob críticas
Explicação:
Em busca de terras mais baratas e para preencher lotes esvaziados pelo êxodo rural, o governo federal está concentrando o assentamento de famílias sem terra na região amazônica, o que, na prática, desvia o anunciado atendimento prioritário a lavradores acampados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
O MST, líder de invasões de terra e motivo de preocupação e monitoramento do Planalto, possui uma base frágil de militantes na região Norte do país. Com isso, vê famílias de outras entidades e outros movimentos furarem a fila na seleção de assentamentos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Documento do Ministério do Desenvolvimento Agrário obtido na semana passada pela reportagem mostra que, das 72,3 mil famílias assentadas entre janeiro e 23 de novembro em todo o país, 38,5 mil (53%) foram encaixadas em lotes de terra localizados nos nove Estados da Amazônia Legal (Estados do Norte mais Maranhão e Mato Grosso). "Uma de nossas prioridades são as famílias acampadas, o que não necessariamente casa com possibilidade de obtenção de terras", diz Rolf Hackbart, presidente do Incra.
O MST é crítico à concentração dos assentamentos na região amazônica. Alega que a falta de infra-estrutura inviabiliza a colocação de famílias em lotes criados na região. E aponta como agravantes a escassez de água tratada, rede de esgoto, energia e estradas de acesso, além da propagação de doenças como a malária.
"A demanda por estrutura na região Norte é muito grande. Esse é o ponto. Teremos muitos assentados e depois vamos correr atrás de estradas e de obras de infra-estrutura", declara Hackbart.
A carência de infra-estrutura, porém, é apenas um dos pontos que desagradam o MST. Outro é sua atuação tímida na região -o movimento ainda não está organizado em quatro Estados do Norte (AC, AM, AP e RR).
Números da Ouvidoria Agrária Nacional mostram a ausência do MST por lá. Das 419 invasões de terra organizadas pelo movimento entre julho de 2003 e outubro de 2005, apenas 5% delas (24) ocorreram na Amazônia Legal. As ações do MST no governo Lula representam 67% das invasões.
A realidade é que a lentidão para atender o MST a curto prazo tem preocupado o governo, que até agora não cumpriu nenhuma meta de assentamentos. Tornou-se comum auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sondarem o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra sobre os números -a meta é assentar 115 mil famílias até o final do ano.
O Planalto teme a radicalização do MST em 2006, contaminando a imagem do presidente durante sua virtual campanha à reeleição. "Com certeza nós vamos infernizar a vida do governo no ano que vem", diz João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST.
Além de ver a criação de projetos de assentamento longe de suas bases, o MST também questiona o uso excessivo de terras públicas e de lotes vagos no beneficiamento de camponeses sem terra. Das 72,3 mil famílias assentadas até 23 de novembro, 33,2 mil (46%) foram colocadas em terras públicas retomadas pelo governo.
O MST defende a intensificação dos processos de desapropriação de imóveis rurais para a reforma agrária como forma de punir os latifúndios improdutivos e diminuir a concentração de terra.