com o envelhecimento da populaçao,quais setores exigem maior investimento governamental?
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té 2050, 29% da população brasileira terá mais de 60 anos. Ou seja, um em cada três brasileiros, ou 52 milhões de pessoas. Hoje há 14,5 milhões de brasileiros acima dos 60 anos, ou 12% da população. O que isso significa? Que as pessoas viverão mais e terão menos filhos. Mas também que haverá menos gente na ativa, trabalhando e pagando o INSS, e mais aposentados recebendo benefícios. E que o país terá de fazer uma reforma da previdência pública em algum momento se quiser evitar um colapso das contas públicas.
Para o cidadão, é um sinal de que será preciso guardar mais dinheiro para a aposentadoria.
Vespeiro
A necessidade de reforma da previdência é reconhecida por todos, dentro ou fora do governo, há muitos anos. O problema é como discutir a fixação de idade mínima para aposentadoria e a redução do teto dos benefícios em um país com renda tão baixa e com alta desigualdade social.
Parece desumano querer que um trabalhador, após 35 anos de atividade, deixe de se aposentar com dois ou três salários mínimos aos 54 anos, idade média de aposentadoria hoje no Brasil.
Mas, se isso não ocorrer, o sistema todo se tornará insustentável, alertam especialistas. Ou então o país continuará crescendo a taxas baixas, comprometendo toda a população, ao desviar para a previdência recursos públicos que poderiam ser investidos em outras áreas ou ao manter uma carga tributária elevada para as empresas.
Fator previdenciário
A proposta de acabar com o fator previdenciário, que hoje reduz o valor dos benefícios para quem se aposenta mais cedo, é um exemplo de como a discussão sobre a previdência no Brasil é difícil. Se aprovado, o fim do fator deve agravar a situação já delicada da Previdência Social, alerta André Portela, professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e coordenador do Centro de Microeconomia Aplicada, durante evento sobre envelhecimento global promovido pela alemã Allianz.
Hoje, a maioria dos trabalhadores se aposenta com 54 anos, mas continua trabalhando e recebendo o equivalente a 70% do benefício. “A situação é simples: estamos envelhecendo numa estrutura em que se contribui por alguns anos e se recebe por muitos anos”, afirma.
Já Marcelo Caetano, economista e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), observa que a discussão no Brasil está na contramão do resto do mundo. “Na Europa, o esforço é aumentar a idade mínima, que já está em 70 anos na média dos países”, afirma. “Aqui, além de não termos idade mínima, podemos aumentar a taxa de reposição do salário (relação entre o benefício e o que a pessoa ganhava na ativa) e reduzir a idade de aposentadoria.”.
Caetano lembra que, mesmo com o fator previdenciário, hoje o Brasil tem uma das maiores taxas de reposição do mundo, na média acima de 80% do salário na ativa. No Japão, por exemplo, essa taxa é de 36% do salário na ativa, na Alemanha, 42% e na Suécia, 58%, segundo dados da Allianz. Mas ele admite que a discussão sobre uma mudança no sistema de previdência é muito difícil. “Não vejo solução para a questão da previdência sem uma grande crise fiscal por trás que obrigue um ajuste.”