Com a visão de que o brasileiro é individualista, veja esta abordagem no texto de Cremonese (2007):
[...] Aliás, este caráter pouco solidário do brasileiro não chega a ser novidade. Já nos meados do século passado, Oliveira Vianna havia percebido tal característica. O autor considerou o insolidarismo como o traço mais marcante de nossa gente, razão pela qual defendia o papel coativo e educador do Estado na formação do que ele chamava de um comportamento culturológico, capaz de sobrepor-se ao espírito insolidarista. Vianna escreveu Instituições políticas brasileiras (1955), no qual efetuou, na segunda parte, intitulada Morfologia do Estado, um estudo pertinente sobre o significado sociológico do antiurbanismo colonial (gênese do espírito insolidarista).
Para o autor, o espírito insolidarista tem sua origem nos primórdios da “colonização”. Dessa maneira, criou-se, no Brasil o homo colonialis, tendo como característica fortes traços de individualismo e desconfiança: “um amante da solidão, do deserto, rústico e antiurbano”. Na questão do trabalho, o homem brasileiro, comparado com outros homens do mundo, caracterizou-se pelo particularismo e individualismo: “O trabalho agrícola, em nosso país – ao contrário do que aconteceu no mundo europeu – sempre foi essencialmente particularista e individualista: centrifugava o homem e o impelia para o isolamento e para o sertão” (p.151). Não houve a formação da solidariedade social, hábitos de cooperação e de colaboração, nem mesmo espírito público. O que houve, na verdade, foi uma solidariedade social negativa. Em relação a outros povos latino-americanos, e também na formação social e econômica, o brasileiro é, segundo Vianna, essencialmente, individualista, não necessita da ajuda comunitária e vive de forma isolada. Estas manifestações têm raiz na tradição cultural. O que existe, no Brasil, é apenas uma solidariedade parental, isto é, desde que se mantenham os interesses fechados entre as famílias dominantes: “Esta solidariedade interfamiliar e clânica é, assim, peculiar e exclusiva à classe senhorial” (CREMONOSE, 2007).
Fonte: CREMONESE, Dejalma. O caráter individualista e pouco solidário do brasileiro. Correio da Cidadania. 2007. Disponível em: . Acesso em 28 out. 2017.
Baseando-se no texto acima, analise as afirmativas que se seguem:
I – O passado colonial acabou por influenciar a questão da solidariedade do povo brasileiro;
II – O brasileiro é um tanto quanto individualista, o que pode prejudicar a visão de representatividade necessária às democracias;
III – Solidariedade, individualismo, representatividade são conceitos isolados que não refletem no comportamento do coletivo.
IV – Embora o individualismo possa ser uma característica do povo, é um fator absolutamente normal nos dias de hoje, que não tem relação direta com a vida em sociedade.
Estão corretas somente as afirmações:
Escolha uma:
a.
I, II e IV.
b.
II e III
c.
I e III.
d.
I e II.
e.
I, II e III.
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A afirmativa I é verdadeira e é sustentada pelo texto na medida em que afirma que o Brasil e o brasileiro foram historicamente vistos por um viés de colonização que não valorizava as questões sociais complexas do povo e da região.
A afirmativa II também é verdadeira na medida em que reafirma aquilo que está presente no texto, reforçando a ideia de que o brasileiro não possui um forte sendo de comunidade e uma concepção de sociedade tão forte e coesa como a de outros povos.
A afirmativa III é falsa, pois os comportamentos isolados influenciam fortemente os comportamentos coletivos.
A afirmativa IV é falsa e defende a hipótese oposta à do texto, de modo que não o interpreta corretamente.
É correta a alternativa D.
A afirmativa II também é verdadeira na medida em que reafirma aquilo que está presente no texto, reforçando a ideia de que o brasileiro não possui um forte sendo de comunidade e uma concepção de sociedade tão forte e coesa como a de outros povos.
A afirmativa III é falsa, pois os comportamentos isolados influenciam fortemente os comportamentos coletivos.
A afirmativa IV é falsa e defende a hipótese oposta à do texto, de modo que não o interpreta corretamente.
É correta a alternativa D.
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Alternativa correta é a letra d) - I e II.
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