com a guerra comercial entre EUA e China, quais as principais consequências para o Brasil?
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Resposta:
Não há maneira de se prever os efeitos para o Brasil da chamada “guerra comercial” entre Estados Unidos e China, que atemoriza o mundo desde 2018, quando o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou tarifas sobre produtos chineses. No mês passado, a situação ficou mais tensa, quando a China desvalorizou fortemente sua moeda, o yuan, e os EUA acusaram o gigante oriental de manipulação cambial.
No início de setembro, ambos os países impuseram novas tarifas extras sobre produtos um contra o outro. O governo chinês impôs a taxa de 5% aplicada sobre o petróleo dos EUA, que, por sua vez, passou a cobrar taxas de 15% sobre produtos importados da China, de fones de ouvido a calçados.
“Não há solução ou saída simples. Se essa guerra continuar, pode ser ruim para o Brasil. O risco maior é ela prejudicar o crescimento da China. As nossas exportações de commodities cairiam, para a China e também para os países que dependem do dinamismo chinês para crescer”, diz o economista e professor da Unicamp Guilherme Mello. “Do ponto de vista comercial, nosso problema é não perder mercados de nossas commodities.” No limite, uma crise global poderia ser desencadeada no processo.
Por outro lado, até mesmo a resolução da crise entre as duas superpotências pode prejudicar o Brasil. Por exemplo, se houver um acordo entre ambas que prejudique as exportações brasileiras e, portanto, os produtores de commodities no país. Há pressões norte-americanas para que a China compre soja dos EUA para beneficiar seus produtores. A China é o principal importador de petróleo, minério de ferro e soja brasileiros.
Outro cenário seria, em decorrência da disputa sino-americana, os chineses diminuírem suas importações de soja dos Estados Unidos, o que beneficiaria o produtor brasileiro ao fortalecer a importação do produto pela China.
“A situação do Brasil é muito particular, porque ambos são grandes parceiros comerciais. Dependemos muito da exportação de commodities para a China. Já na questão financeira, dependemos muito dos Estados Unidos, porque nossas reservas são em dólar e há muitas empresas americanas no Brasil. E a atração de capitais financeiros (para o Brasil) ainda é a grande força dos norte-americanos”, observa Mello.
“Acontece que a questão financeira não necessariamente vai se reverter em crescimento e emprego aqui no país e, portanto, pode não resolver nossos problemas, que se relacionam a produção, crescimento e emprego”, acrescenta.
Mello observa que o termo “guerra comercial” é relativamente simplista. “Tem uma guerra comercial, mas também uma guerra mais importante, que é tecnológica, pelo domínio do padrão 5G (quinta Geração de internet móvel) e os impactos que isso vai ter na próxima onda de inovações.”
A balança comercial Brasil-China, de janeiro a agosto de 2019, é francamente favorável ao país. O Brasil exportou U$ 41,5 bilhões e importou 23,7 bilhões, com saldo favorável de R$ 17,8 bilhões.
A balança comercial Brasil-China, de janeiro a agosto de 2019, é francamente favorável ao país. O Brasil exportou U$ 41,5 bilhões e importou 23,7 bilhões, com saldo favorável de R$ 17,8 bilhões.Já com os Estados Unidos, a balança em 2019 é deficitária em R$ 352 milhões, com exportações de R$ 19,709 bilhões e importações de R$ 20,061 bilhões.
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