CLIO Escuta, filho Eu sei, tudo isso eu sei; minha conversa É outra, Orfeu. Não é que eu seja contra Você gostar de Eurídice, meu filho Não tem mesmo mulata mais bonita Nem melhor, neste morro - uma menina Que faz gosto, de tão mimosa... mas Pra quê? Eu te conheço bem, Orfeu Eu que sou tua mãe, e não Eurídice Mãe é que sabe, mãe é que aconselha Mãe é que vê! e então eu não estou vendo Que descalabro, filho, que desgraça Esse teu casamento a três por dois Tu com essa pinta, tu com essa viola Tu com esse gosto por mulher, meu filho? Ouve o que eu estou dizendo antes que seja Tarde... Não que eu me importe... Mãe é feita Mesmo para servir e pôr no lixo... Mas toma tento, filho; não provoca A desunião com uma união; você Tem usado de todas as mulheres Eu sei que a culpa disso não é só tua O feitiço entra nelas com tua música Mas de uma coisa eu sei, meu filho: não Provoca o ciúme alheio; atenta, Orfeu Não joga fora o prato em que comeste... Você quer a menina? muito bem! Fica com ela, filho... - mas não casa Pelo amor de sua mãe. Pra que casar? Quem casa é rico filho; casa não! Quem casa quer ter casa e ter sustento Casamento de pobre é amigação Junta só com a menina; casa não! a)Clio, mãe de Orfeu, defende um dos principais lemas do movimento feminista da década de 50: o fim do casamento. b)Pelo trecho acima citado, percebe-se que não se trata de uma obra com métrica uniforme. c)No trecho transcrito, Clio solicita que o filho não se case, temendo que seu casamento desperte o ciúme de outras mulheres. d)No trecho transcrito, Clio apresenta argumentos para convencer Orfeu sobre a indignidade de Eurídice.
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