Português, perguntado por Usuário anônimo, 1 ano atrás

Classifique as seguintes orações:
(Para melhor análise, leia o texto ao fim da página.)

a. "Parou para espiar a vitrine."

b. "Não estava interessado em sapatos e bolsas."

c. "Enquanto admirava a vitrine..."

d. "...ouviu os passos."

e. "...do qual os passos sobressaíam."

f. "...que fazia falta ao seu organismo."

g. "...de que a cidade marchava a pleno vapor..."

h. "Quando o homem duvida..."

i. "...que ele estava louco."

j. "...só para expulsar a massa de ar."

Texto:

O HOMEM QUE GRITOU EM PLENA TARDE
Ignácio de Loyola Brandão

{Parou para espiar a vitrine.} Sapatos e bolsas, pretos amarelados mar­rons, azuis. {Não es­ta­va interessado em sapatos e bolsas.} Olhava por olhar. Passava todos os dias por ali, cada dia obser­vava uma vitrine, uma loja, um balcão, um canto. Costumava também olhar para cima. E as­sim tinha desco­berto coisas que, era uma certeza, outros não viam. Um beiral antigo, esqueci­do na fachada de um prédio. Uma cornija. Uma grade, uma janela com vidros desenhados, vaso de flores, gaiola com pássaros, retrato pregado numa vene­ziana, números no alto de portais, ros­tos atrás de vidraças, aquários. Levava esbarrões, xingos, o que faz aí parado, seu bestalhão, pô, nesta cidade tem de tudo; até gente parada de boca aberta. Não ligava, falavam por falar, para ter alguma coisa contra o que reclamar.

{Enquanto admirava a vitrine,} {ouviu os passos.} Era a primeira vez que prestava atenção no ruído dos passos. Virou-se, observando os pés do povo. Os sapatos batiam no calçamento; uns arrastavam os pés; outros saltitavam; uns pareciam flutuar. O que o impressionava mesmo era o barulho. Não, não era o barulho, percebeu. Era o silêncio, dentro {do qual os passos sobres­saiam.} Um silêncio espesso dentro da tarde. De tal modo que ele podia, com nitidez, distinguir cada ruído. O dos passos, o das vozes, o dos murmúrios (mesmo das pessoas que falavam so­zi­nhas), dos chamados, das máquinas de escrever por trás das paredes, dos apitos dos guardas, de nomes gritados, sussurrados, chamados, de músicas que se confundiam, como se as letras fos­sem coisas absurdas, sem sentido algum, de motores engrenando, funcionando, buzinas, choros, soluços, zumbidos. Seu ouvido captava e selecionava, como um apare­lho estereofônico, capaz de enviar para alto-falantes diversos, sons de instru­mentos diferentes.

O silêncio pareceu incômodo a um homem acostumado dentro da ci­da­de barulhenta, irritadiça, insuportável. O seu dia a dia era constituído quase que por um barulho só, homo­gê­neo, que se integrara à sua vida. Algo de que ele dependia, {que fazia falta ao seu organismo.} Só conseguia pensar, trabalhar com eficiência, dentro daquele con­junto de ruídos absorventes que lhe davam a certeza {de que a cidade marchava, à pleno vapor,} e ele era parte dela, um acrés­cimo. E que sem ele, e sem ele — o outro — numa escala infinita, esta ci­da­de iria parar, quebrando toda uma estrutura.

Então, aquele silêncio distinto, imenso vazio dentro da tarde, provocou nele primei­ro um sentimento de desconforto. Em seguida, veio a insegurança, a dúvida sobre sua situação. Esta­va na sua própria cidade, ou caíra de re­pen­te dentro de um pesadelo? {Quando o homem du­vi­da,} o seu mundo cai em ruí­nas, desaparecem os pontos de apoio, os suportes familiares e ele se balança como boneco João-teimoso.

O desconforto surgiu e ele teve vontade de gritar. Mas, se gritasse, iriam achar {que ele estava louco.} E os loucos são eliminados dos grupos normais. Mas ele queria gritar. O ar que enchia o seu corpo precisava ser expelido. Sen­tia-se como o pneu que suporta vinte e duas libras e está com trinta e cinco, a ponto de estourar. Os músculos do seu peito, a carne toda, doíam, den­tro da tensão. Então, gritou. Ouviu o grito com nitidez dentro do silêncio que abri­ga­va os ruí­dos da tarde. Olhou assustado para as pessoas e foi como se elas es­ti­ves­sem surdas. Nem se viraram. Gritou de novo, percebendo que o primeiro grito fora mais um urro, {só para expulsar a massa de ar.} E gritou. E gritou de frente para uma moça de amarelo. E a moça gritou. E os dois gritaram juntos, e sorriram. Viram outros sorrindo.

Gritaram os dois; e eram três. Gritaram os quatro; e eram cinco. Gri­ta­ram todas as pes­soas naquela quadra. As que passavam, as que passeavam, as que olhavam vitrines, as que olha­vam para o chão, as que entravam e saíam dos prédios. Gritavam, e o grito ecoou pela rua. Foi respondido. Gri­taram na esquina. E na outra esquina.

Na praça. Gritaram de dentro dos ônibus, dos carros, no interior dos cinemas e dos escritórios, gritaram nos mictórios e nas lanchonetes, nos bancos e doçarias. E no fim da tarde, quando o sol se pôs, não havia mais ruídos, nem si­lên­cio, apenas o grito, uniforme, uníssono, unânime, solidário, de seis milhões de pessoas. Grito sem fim, enquan­to a noite descia.

Soluções para a tarefa

Respondido por silvialiryo
2

Resposta:

Classifique as seguintes orações:

(Para melhor análise, leia o texto ao fim da página.)

a. "Parou para espiar a vitrine."

Or. principal: Parou

para espiar a vitrine. Oração subordinada adverbial final reduzida de unfinitivo (para que espiasse a vitrine)

b. "Não estava interessado em sapatos e bolsas."

Período simples, oração absoluta. Só apresenta um verbo, portanto, apenas uma oração

c. "Enquanto admirava a vitrine..."

*{Enquanto admirava a vitrine,} {ouviu os passos.}*

Enquanto admirava a vitrine = Subordinada adverbial temporal

d. "...ouviu os passos."

{ouviu os passos.} = Or. principal

e. "...do qual os passos sobressaíam."  Era o silêncio, dentro {do qual os passos sobres­saiam.} Oração subordinada adjetiva restritiva

f. "...que fazia falta ao seu organismo."

Algo de que ele dependia, {que fazia falta ao seu organismo.} Oração coordenada sindética explicativa

g. "...de que a cidade marchava a pleno vapor..."

que lhe davam a certeza {de que a cidade marchava, à pleno vapor,} = Oração subordinada substantiva completiva nominal

h. "Quando o homem duvida..." o seu mundo cai em ruí­nas

{Quando o homem du­vi­da,} = Oração subordinada adverbial temporal

i. "...que ele estava louco."

Mas, se gritasse, iriam achar {que ele estava louco.} = Subordinada substantiva objetiva direta

j. "...só para expulsar a massa de ar."

percebendo que o primeiro grito fora mais um urro, {só para expulsar a massa de ar.} Subordinada adverbial final reduzida de infinitivo. (só “ para que” expulsasse a massa de ar)

Explicação:

Respondido por Liziamarcia
1

Classifique as seguinte orações

➡️➖a. ["Parou ]. [para espiar a vitrine.] "

➖São dois verbos logo temos duas orações

➖Oração principal --> Parou

➖para "espiar" a vitrine.

É uma oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo

--> para que espiasse a vitrine ( desdobrada )

➡️➖b. "Não "estava interessado" em sapatos e bolsas."

➖É um período simples, com uma oração absoluta. O verbo é uma locução verbal , portanto um verbo = uma oração

➡️➖c. "Enquanto admirava a vitrine "

➖Enquanto admirava a vitrine

---> oração subordinada adverbial temporal ( enquanto )

➡️➖d. "...ouviu os passos."

--> Oração principal

➡️➖e. "...do qual os passos sobressaíam."  

➖Era o silêncio, dentro {do qual os passos sobres­saiam.}

---> é uma Oração subordinada adjetiva restritiva

➡️➖f. "...que fazia falta ao seu organismo."

➖Algo de que ele dependia, {que fazia falta ao seu organismo.}

--> é uma oração coordenada sindética explicativa ( QUE )

➡️➖g. "...de que a cidade marchava a pleno vapor..."

➖que lhe davam a certeza {de que a cidade marchava, à pleno vapor,}

--> é uma oração subordinada substantiva completiva nominal

➖h. "Quando o homem duvida..." o seu mundo cai em ruínas

---> Oração subordinada adverbial temporal

➡️➖i. "...que ele estava louco."

➖Mas, se gritasse, iriam achar {que ele estava louco.}

---> Subordinada substantiva objetiva direta

➡️➖j. "...só para expulsar a massa de ar."

➖percebendo que o primeiro grito fora mais um urro, {só para expulsar a massa de ar.}

--> Subordinada adverbial final reduzida de infinitivo.

(só “ para que” expulsasse a massa de ar) --> desdobrada

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