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Uma pesquisa realizada pela Fundação Thompson Reuters no mês de novembro de 2013 definiu um ranking dos países árabes que mais oferecem perigos às mulheres em suas sociedades e constituições. Os resultados apontam que, com a chamada Primavera Árabe, quando várias revoltas se estabeleceram na região, os atos de desrespeito e violência contra as mulheres aumentaram exponencialmente, o que deflagra a necessidade de uma maior reflexão sobre essa questão.
É claro que esse tema não é um problema exclusivo desses países. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que um terço de todas as mulheres do mundo foi vítima de violência doméstica. O problema é que nos países de língua árabe, muitas vezes, essas ocorrências são estimuladas por políticas públicas que restringem a liberdade e os direitos femininos, com proibições que vão desde o impedimento no direito de dirigir até sanções para aquelas que desejam cursar o ensino superior.
De acordo com a pesquisa divulgada pela Reuters, o Egito é considerado o país no mundo árabe mais perigoso para as mulheres, ao contrário das Ilhas Comores, que apresentam as melhores condições de vida para elas. O documento foi elaborado com base em entrevistas de 336 especialistas dos 21 países que integram a Liga Árabe mais a Síria. Confira o ranking dos dez piores:
Ranking dos piores países árabes para as mulheres viverem
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No Egito, estima-se que 99,3% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio sexual. É frequente também a ocorrência de casos de estupros no país, um problema que se agrava com demais ações de violência – domésticas ou não – e pela reduzida (ou quase nula) participação feminina na economia e na política.
A contradição revela-se no fato de que as mulheres exerceram um papel importante durante as recentes revoltas que marcaram as respectivas deposições de Hosni Mubarak e Mohammed Morsi. Por esse motivo, acreditou-se que elas seriam as principais beneficiárias das transformações políticas no país, o que, ao menos até o momento, não ocorreu.
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O Iraque, que ocupa a segunda colocação do ranking, também apresenta muitos problemas nesse sentido. Desde a invasão dos Estados Unidos, em 2003, os direitos das mulheres vêm retrocedendo cada vez mais. Além disso, as ondas de violência, assédios e estupros foram se elevando. A taxa de analfabetismo entre as mulheres cresceu 10% nos últimos dez anos.
Já o problema da Arábia Saudita, terceira colocada no ranking, encontra-se em maior parte relacionado ao direito que as mulheres não possuem. Elas são proibidas de dirigir veículos, viajar para o exterior, conseguir emprego, abrir conta bancária e, se quiserem fazer um curso superior, precisam da autorização de um parente do sexo masculino.
As situações acima apontadas vão se repetindo nos demais países do ranking. O problema, segundo os que foram ouvidos pela pesquisa, está principalmente relacionado com o sistema patriarcal que predomina nas sociedades dos países listados. A emergência de governos islâmicos nos países árabes também é vista como um problema. Assim, mesmo onde as discussões a respeito da presença da mulher na política estão mais avançadas, o papel delas ainda é muito reduzido.
Segundo os analistas, apesar de todos os problemas, existem alguns pontos positivos, como a crescente participação das mulheres nas questões políticas e as lutas realizadas por elas em busca de maiores e melhores direitos. No mesmo mês da realização da pesquisa da Fundação Thompson Reuters, uma iemenita e duas liberianas ganharam o Nobel da Paz pela luta que empreenderam em prol dos direitos femininos. Na Turquia (que não fez parte da pesquisa), mulheres fazem sucessivos protestos por direitos como o de dirigir veículos e maior liberdade política.