Cite 15 teses de Lutero
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O fenômeno da Reforma Protestante, ocorrido na Europa do século XVI, foi um dos mais importantes da chamada Idade Moderna. Foi sob influência dessa reforma que nasceram alguns dos mais importantes Estados Nacionais Modernos, como o holandês, o inglês e o americano (estadunidense). Foi também essa reforma que desencadeou as Guerras Civis Religiosas dos séculos XVI e XVII, que dariam origem ao movimento da Contrarreforma, à reunião do Concílio de Trento e à criação da Companhia de Jesus, na Espanha. O fato é que toda a amplitude que o movimento reformista alcançou começou com um ato de um monge agostiniano alemão, no ano de 1517, na cidade de Wittenberg. Seu nome, Martinho Lutero.
O ato de Martinho Lutero (1483-1546) consistiu em afixar 95 teses na parede do Castelo de Wittenberg desafiando autoridades em teologia para uma disputa escolástica, isto é, uma discussão típica das universidades medievais na qual os debatedores argumentavam e contra-argumentavam a respeito de um tema predefinido. Mas em que consistiam essas 95 teses? O conteúdo dos argumentos das 95 teses luteranas tinha como alvo o tema das indulgências (perdão concedido pela autoridade eclesial para absolvição de pecados), praticadas de forma iníqua por parte do clero católico da época, como pode ser observado a seguir no texto das teses 31 a 35:
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Ele.
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35. Os que ensinam que a contrição não é necessária para obter redenção ou indulgência, estão pregando doutrinas incompatíveis com o cristão.
Castelo de Wittenberg, onde Lutero fixou suas 95 teses
Castelo de Wittenberg, onde Lutero fixou suas 95 teses
Lutero criticava aquilo que ele encarava como uma espécie de “negociação da salvação” por meio das indulgências. Por exemplo, algum nobre ofertava à Igreja uma determinada quantia para reforma de determinada Catedral e, em troca, era recompensado com uma carta de indulgências do Papa, que o absolvia dos pecados cometidos durante determinado período. Os que se julgavam salvos ou remidos por uma carta de indulgências, para Lutero, corriam o risco de estarem cometendo um pecado ainda maior do que aqueles que estavam querendo ver absolvidos.
Mas antes mesmo da publicação das 95 teses, concentradas no tema das indulgências, Lutero havia escrito, em 1516, a obra “Comentários da Carta aos Romanos”, na qual buscava discutir três pontos da doutrina católica: o conceito de pecado, a questão das boas obras e a questão do livre arbítrio. Como pode ser visto em obras de historiadores como Christopher Dawson, em sua obra “A Divisão da Cristandade”, o pecado, para Lutero, estava associado às paixões que acometem o indivíduo. Para a doutrina católica, o pecado está na vontade, isto é, no ato da escolha deliberada. Desse modo, não poderia haver, para Lutero, uma completa abnegação, uma completa santificação. As penitências e busca da santidade de nada adiantariam, já que o homem nasce e morre em estado de pecado. Para Lutero, o homem só poderia ser realmente salvo por sua fé. Como diz Dawson, “o máximo que o homem pode alcançar [segundo Lutero] é a certeza de que isso não será computado contra ele – que o sofrimento redentor de Cristo tudo abarca. Consequentemente, a justiça só é imputada: eis o conceito luterano que se torna o contro da controvérsia.” [1]
Olá!
As 15 primeiras teses de Martinho Lutero, importante teólogo que escreveu ao todo 95 teses.:
1 - Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.
2 - Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3 - No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4 - Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.
5 - O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6 - O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.
7 - Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8 - Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9 - Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10 - Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11 - Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12 - Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13 - Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14 - Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.
15 - Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.