Certa vez, quando dei uma palestra na Zona Leste da cidade, uma senhora me falou sobre seus dois filhos. Segundo afirmou, o primeiro era mais inteligente.
— Tenho preferência por ele, sim. Seria mentira dizer que não.
A conversa me provocou uma sensação desagradável. Pensei na vida do caçula. Qual seria seu sentimento, ao perceber que a mãe prefere o mais velho? Sou escritor. Imaginei os gestos do cotidiano: reprimendas mais fortes; presentes piores no aniversário ou Natal e talvez até comentários desdenhosos. Tomei consciência de que isso acontece muito mais do que se comenta. Fala-se muito de bullying. Livros abordam violências verbais e até agressões físicas que ocorrem nas escolas. O ataque costuma ser dirigido a quem é de alguma maneira diferente: os gordinhos, os maus esportistas, os nerds, os mais pobres, entre outros. Até um sotaque pode induzir os valentões da turma à chacota. Submetidas a uma pressão constante, as vítimas muitas vezes se rebelam. E dentro da família?
Um amigo passou a infância perseguido pelo irmão mais velho. Tudo era motivo para zombaria e até ataques físicos. A mãe, ausente, não punia o agressor. Hoje os irmãos têm uma relação distante, mal se falam. Agora a mãe se lamenta. Não entende por que os filhos não se dão bem.
— Meu irmão foi meu pior inimigo! Como posso gostar dele agora? — ouvi o mais novo dizer.
A agressão pode se voltar contra um dos pais. Soube de um vizinho que gritava com o pai e o ameaçava por qualquer pretexto porque tinha pouco dinheiro. Não usava drogas. O velho, frágil, não conseguia enfrentá-lo.
— Você é um incapaz — dizia o filho. — Nunca soube ganhar dinheiro!
Muitas vezes a própria mãe cria [fomenta] a situação. Uma figura da sociedade, magra e bem vestida, parece esconder sua filha, que é gorda. A garota nunca é vista em companhia da mãe nas festas que ela costuma frequentar. Em represália, veste-se de maneira relaxada. Mal penteia os cabelos.
— Minha mãe tem vergonha de mim! — já desabafou.
É difícil tocar nesse assunto. Cada família possui uma dinâmica diferente. Nem sempre as situações são evidentes, mas o(a) atingido(a) percebe o desprezo. Ou a comparação. É comum uma criança de olhos azuis ser coberta de elogios. Ninguém fala do irmão de olhos castanhos. Só a mãe pode ajudar, valorizando os dois.
Ou então um dos membros perde o emprego. A família passa a humilhá-lo.
— Não vou sustentar vagabundo! — certa vez ouvi a irmã, secretária, ameaçar o irmão.
Se é difícil encontrar trabalho, a agressão aumenta. E a pessoa deprimida tem mais dificuldade ainda. Perde o prumo.
Pais inventam sonhos para os filhos. Desejam que se tornem bem-sucedidos, talvez famosos. Já vi homem com bebê no colo garantir:
— Este aqui vai ser jogador da seleção. E ganhar a Copa!
O bebê sorri, sem saber da cilada. Pode ter pendor para a informática. Talvez nunca seja um craque. Passará horas diante da telinha.
Também já vi pai reclamar:
— Sai do computador, moleque! Vai jogar futebol!
O filho passa a ser constrangido. Pressionado. Conheci pessoas inteligentes totalmente desestruturadas, incapazes de se dedicar a uma profissão, por falta de apoio familiar.
Muitas vezes, o que parecem ser gestos de amor, de incentivo, são ameaças porque o filho ou irmão não segue um padrão. É difícil, mas cada família deve abrir sua caixa-preta. Adquirir a coragem de encarar suas falhas. E aprender a trocar a agressão pelo abraço.
3 – A acepção – sentido em que se torna uma palavra, dado um contexto que o verbo ver apresenta em “já vi homem com bebe no colo” linha 39 é a mesma que se encontra em:
A) Estando desarmado, vi que não adianta reagir
b) ainda não vi ninguém que não tivesse problemas familiares
c)diante dos fatos, viu-se vencido e desacreditado
d) por causa da anorexia, via me no espelho como um monstro
e) muitos anos antes de o filho nascer,ela já via como seu futuro seria brilhante
4 – A alternativa que preserva o mesmo sentido do pronome indefinido destacado em “...a quem é de alguma maneira diferente” linha 10 é
A) a quem de certa maneira é diferente
b) a quem de maneira alguma é diferente
c)a quem de maneira nenhuma é diferente
d) a quem não é de qualquer maneira diferente
e) a quem é de toda maneira diferente
5 – Em” submetidas, a uma pressão constante, as vitimas muitas vezes se rebelam”, encontramos uma oração subordinada reduzida de particípio. Se essa oração for desenvolvida, o conectivo que preserva o sentido original é:
A) As vitimas muitas vezes se rebelam assim que são submetidas a uma pressão constante
B) desde que submetidas a uma pressão constante, as vitimas muitas vezes se rebelam
C) quando submetidas a uma pressão constante, as vitimas mutas vezes se rebelam
d) as vitimas muitas vezes se rebelam porque são submetidas a uma pressão constante
E) Apesar de serem submetidas a uma pressão constante, muitas vezes as vitimas se rebelam
Soluções para a tarefa
Resposta:
3) letra e
4) letra a
5) letra d
Explicação:
Olá, Wanderson, tudo bem?
3) A acepção do verbo ver na frase citada é de enxergar e é a mesma na letra e.
e) muitos anos antes de o filho nascer,ela já via como seu futuro seria brilhante
4) O pronome da linha destacada, pode ser substituído por "de algum modo, de certa forma, certa maneira " e preserva o mesmo sentido é a letra a.
A) a quem de certa maneira é diferente
5) A oração subordinada reduzida do particípio, quando desenvolvida, o conectivo que preserva o sentido original é o da letra d.
as vitimas muitas vezes se rebelam porque são submetidas a uma pressão constante
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Sucesso nos estudos!!!
3. A mesma acepção do verbo "ver" ocorre em:
B) ainda não vi ninguém que não tivesse problemas familiares
4. O mesmo sentido do pronome indefinido é preservado em:
A) a quem de certa maneira é diferente
5. O conectivo que preserva o sentido original é:
C) quando submetidas a uma pressão constante, as vítimas muitas vezes se rebelam
Sentido das palavras
3. No enunciado da questão, o verbo "ver" foi empregado com o sentido de estar presente a; testemunhar, assistir. Note: "já vi/testemunhei/assisti homem com bebê no colo".
Esse mesmo sentido ocorre em "ainda não vi/testemunhei/assisti ninguém que não tivesse problemas familiares".
4. A expressão "de alguma maneira diferente" tem o mesmo sentido de "de certa maneira diferente".
5. A oração subordinada reduzida de particípio "submetidas a uma pressão constante" tem sentido equivalente a "quando submetidas a uma pressão constante". Elas indicam quando ocorre a ação indicada na oração principal. Expressão ideia de tempo. É oração subordinada adverbial temporal.
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