casos de abuso e esploração sexual no esporte
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Resposta:Ruan Pétrick contou que foi molestado aos 11 anos por um olheiro do Santos. O caso está sendo investigado em São Paulo pela Delegacia de Repressão e Combate à Pedofilia. Em março, a polícia prendeu em Campo Grande um professor de educação física e treinador de vôlei sob a acusação de produzir fotos pornográficas de suas alunas. Já no fim de abril, o Fantástico revelou denúncias de abuso sexual de 40 atletas contra o ex-técnico da seleção masculina de ginástica artística, Fernando de Carvalho Lopes. Ele prestou depoimento ao Senado nesta quarta-feira e alega ser inocente. Entretanto, admitiu que, em seus treinos, era comum fazer brincadeiras sobre pelos pubianos e partes íntimas dos atletas mais jovens.
“Isso é apenas o que aparece superficialmente. Os problemas são mais dramáticos e têm de ser combatidos por todos os setores da sociedade”, afirma Walter Feldman, assumindo que, sozinha, a CBF não é capaz de blindar atletas iniciantes no futebol da violência sexual. “Somente unindo esforços podemos reduzir a calamidade e o drama que vivemos sobre essa questão.” Profissionais ligados tanto ao esporte quanto ao sistema de garantia de direitos de crianças e adolescentes sublinham a necessidade de criar mecanismos para fiscalizar clubes e escolinhas, além de instituir protocolos que indiquem como agir para encorajar a quebra do silêncio.
Joanna Maranhão, em audiência na Câmara.
Joanna Maranhão, em audiência na Câmara.WILSON DIAS / AGÊNCIA BRASIL
Apenas recentemente, diante da queda de dirigentes envolvidos em esquemas de corrupção, CBF e Comitê Olímpico Brasileiro (COB) lançaram ouvidorias para receber denúncias de violação de direitos dos atletas. Na terça, o COB assinou um termo de compromisso para viabilizar ações de prevenção ao assédio sexual e moral no ambiente esportivo. Joanna Maranhão entende que é preciso ir além. “As instituições, acima de tudo, têm de passar confiança, mostrar que não vão desacreditar o relato de quem denuncia. E também oferecer suporte psicológico às vítimas.”
O ex-goleiro Alê Montrimas, que afirma ter sofrido assédio sexual ao longo de todo seu processo de formação nas categorias de base e hoje ministra palestras para alertar jogadores sobre o perigo dos abusos no futebol, cobra ações efetivas das autoridades, clubes e federações. Ele chama a atenção para a maior vulnerabilidade de atletas que deixam as famílias – e, muitas vezes, a escola – para tentar triunfar no esporte longe de casa. “Concentrações e alojamentos são canais de fácil acesso para os abusadores”, diz Montrimas. “Eles sabem que ali vão encontrar vítimas potenciais, afastadas dos pais e sem estrutura familiar. Existem casos de garotos que acabam cedendo às investidas para ganhar uma chuteira, um relógio ou até mesmo um prato de comida. Ainda há muito que fazer para quebrar o tabu do abuso sexual no esporte.”
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